Estudo do potencial antioxidante da própolis verde, do artepelin C e do ácido rosmarínico sobre a funcionalidade mitocondrial em células de Saccharomyces cerevisiae

Abstract

A própolis é uma mistura complexa de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas coletadas pelas abelhas melíferas de quaisquer partes do tecido vegetal, à qual as abelhas acrescentam secreções salivares, cera e pólen para a obtenção do produto final. As substâncias fenólicas que estão presentes na própolis são provenientes do metabolismo secundário das plantas e correspondem a aproximadamente 50% de seus constituintes. A própolis produzida na região sudeste (própolis verde) possui como principal fonte vegetal a resina coletada de botões e folhas jovens de Baccharis dracunculifolia L., conhecida popularmente como alecrim-do-campo. Esta planta nativa do Brasil fornece altos níveis do ácido fenólico artepelin C, que é considerado um marcador químico para este tipo de própolis. As propriedades antioxidantes da própolis podem estar associadas a constituintes fenólicos presentes em seus extratos, como o ácido rosmarínico e o artepelin C. Este trabalho tem como objetivo avaliar o potencial antioxidante de extratos de própolis verde e de dois de seus constituintes sobre a atividade mitocondrial utilizando como modelo biológico a levedura Saccharomyces cerevisiae, principalmente pelo fato de possuir organização celular semelhante às demais células eucarióticas, serem anaeróbicas facultativas e um organismo modelo para a compreensão de mecanismos moleculares associados a doenças mitocondriais. Os resultados mostram que tanto os extratos etanólico e hexânico, como as substâncias puras artepelin C e ácido rosmarínico mostraram um bom potencial antioxidante; aumentando a viabilidade celular em meio fermentativo (YPD) e não fermentativo (YPGly) quando comparados às células estressadas. O extrato hexânico na concentração de 100 μg.mL-1, além de não ser capaz de proteger as células, apresentou uma certa disfunção mitocondrial. O tratamento com as substâncias isoladas e os extratos foram capazes de não só proteger as membranas celulares, diminuindo a peroxidação lipídica, como também de se igualar estatisticamente às células controle. O extrato etanólico da própolis em 50 μg.mL-1 foi o único a contribuir positivamente na cadeia transportadora de elétrons aumentando o consumo de oxigênio durante a respiração máxima. A ação antioxidante das substâncias presentes na própolis demonstra que a introdução destes produtos na dieta, pode ser benéfico devido aos resultados aqui apresentados, em modelo celular eucariótico.