Caracterização agronômica de espécies de Crotalaria L. em diferentes condições edafoclimáticas e contribuição da adubação verde com C. juncea no cultivo orgânico de brássicas em sistema plantio direto

Abstract

O objetivo geral deste trabalho foi caracterizar o desenvolvimento de espécies de Crotalaria L. em diferentes condições edafoclimáticas e a contribuição da adubação verde com C. juncea no cultivo orgânico de brássicas em sistema plantio direto. Foram conduzidos cinco experimentos: três referentes a avaliação das espécies de Crotalaria L., sendo dois no Campo Experimental da Embrapa Agrobiologia em Seropédica-RJ (Baixada Fluminense). O primeiro foi instalado no período de primavera-verão e o segundo no outono-inverno. O terceiro experimento foi conduzido no Campo Experimental de Avelar da PESAGRO-RIO, em Paty do Alferes-RJ (Médio Vale do Paraíba Fluminense), no período de primavera-verão. O delineamento experimental adotado nesses experimentos foi de blocos ao acaso e os tratamentos constaram das espécies Crotalaria juncea, C. mucronata, C. spectabilis C. ochroleuca, e C. breviflora. A produção de fitomassa aérea foi determinada por ocasião do florescimento e a quantificação da FBN foi estimada utilizando-se a técnica de abundância natural de 15N. No primeiro experimento, foram também realizadas análises funcionais de crescimento e determinadas às taxas de cobertura de solo. No quarto e no quinto experimentos, foram avaliadas as contribuições da adubação verde com Crotalaria juncea no cultivo em sistema plantio direto de repolho e couve-flor. O trabalho com a cultura de repolho foi conduzido no Campo Experimental de Avelar da PESAGRO-RIO, sendo formado de oito tratamentos dispostos em blocos ao acaso, com arranjo fatorial em parcelas subdivididas (2 x 2 x 2). Os tratamentos foram: pré-cultivo formado a partir de C. juncea e pousio com a vegetação espontânea; preparo convencional do solo e plantio direto do repolho; e doses de adubação orgânica de cobertura (equivalente a 0 e 200 kg.ha-1 de N total contido na cama de aviário). As avaliações constaram da produção e produtividade de cabeças e acumulação de nutrientes na parte aérea do repolho. O quinto experimento foi conduzido na Estação Experimental de Nova Friburgo da PESAGRO-RIO região serrana fluminense, com a cultura da couve-flor cultivado em sistema plantio direto, sendo o delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro tratamentos: pré-cultivo com C. juncea; milheto; consórcio milheto + C. juncea; e pousio com vegetação espontânea. As avaliações consistiram do peso médio e produtividade de couve-flor e quantificação da contribuição da palhada de C. juncea para a nutrição nitrogenada desta hortaliça, empregando-se a técnica de diluição isotópica de 15N. Observou-se a partir dos resultados do primeiro experimento que C. juncea apresentou maior taxa de crescimento e maior produção de fitomassa aérea do que as demais espécies avaliadas. Aos 15 dias após semeadura, C. juncea alcançou 50 % de cobertura do solo. Observou-se que a maior produção de fitomassa aérea seca, acumulação de nitrogênio e quantidade de N proveniente da FBN foram detectados na C. juncea, tanto no primeiro quanto no terceiro experimentos, conduzidos na Baixada Fluminense, respectivamente nos períodos de primavera-verão e outono-inverno. No segundo, conduzido no Vale do Paraíba, a maior produção de fitomassa aérea seca, acumulação de nitrogênio e quantidade de N proveniente da FBN foram alcançados com C. ochroleuca. Pelos resultados apresentados nos experimentos quatro e cinco, detectou-se que a adubação verde é uma prática promissora para o cultivo de hortaliças orgânicas, porque, no quarto experimento, conduzido no Vale do Paraíba, o plantio direto sob palhada formada por C. juncea, dispensou a adubação orgânica suplementar, proporcionando produtividade de cabeças do repolho de até 56,0 Mg.ha-1. E no quinto experimento, conduzido na região Serrana Fluminense, observou-se que 39% do N contido na couve-flor foi derivado da C. juncea e que o cultivo na palhada desta leguminosa resultou aumento de produtividade de até 42% em relação a área mantida sob pousio.