Relações de gênero na agricultura familiar: uma experiência pedagógica no curso Técnico em Agropecuária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

Abstract

O presente estudo buscou avaliar os impactos de um projeto de ensino que parte das relações de gênero na agricultura familiar para refletir a formação de estudantes do curso Técnico em Agropecuária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, campus de Crato, a cerca das relações de gênero. Devido às particularidades desse trabalho, utilizamos uma abordagem quali-quantitativa, em função de possibilitar uma melhor análise e interpretação das impressões registradas pelos(as) participantes a partir das suas concepções e avaliar os impactos que ocorreram nas suas ideias a partir de um projeto de ensino. Considerando que a pesquisa envolveu uma atividade de ensino, constituída de visitas técnicas em propriedades rurais, com estudantes do referido curso, tanto na forma integrada ao ensino médio como subsequente, o estudo se aproxima de uma pesquisa ação. Entretanto, também é caracterizado como pesquisa documental, pois, investigamos o Projeto Pedagógico do curso Técnico em Agropecuária. Utilizamos questionário para a investigação das concepções dos (as) participantes, aplicados à estudantes do referido curso. Dando continuidade ao projeto de ensino e buscando averiguar os impactos do mesmo, que ocorreram, após as visitas técnicas às propriedades rurais e por meio de discussões com os (as) participantes. Analisamos os dados obtidos na pesquisa tomando como base a teoria da Análise de Conteúdo de Bardin (2016). Apresentamos os resultados através de tabelas e discussões que reafirmaram considerações realizadas ao longo desse estudo, as quais enfatizam que ainda está presente, nas concepções dos (as) participantes, um pensamento permeado de preconceito de gênero, principalmente em relação ao trabalho da mulher no meio rural. No entanto, ao serem objetos de discussão e reflexão através de uma ação sistemática, essas ideias perdem a ênfase de uma desigualdade naturalizada, ancorada nas diferenças sexuais para assumirem o tom de desigualdades construídas socialmente, as quais ainda se sustentam no princípio da força física para resguardar na agricultura, certos destaques a figura masculina.