Perfil da formação continuada e autoavaliação de competências docentes na Educação Física Escolar

Abstract

Pensar em formação continuada exige obrigatoriamente relacioná-la com as transformações políticas ocorridas nos últimos tempos na sociedade e com a consequente reforma educacional no campo do ensino e da formação. Neste contexto, a formação continuada passa a ser vista como uma das possibilidades mais viáveis para a inserção dos professores em uma realidade educacional em constante transformação, que os auxiliará a enfrentar os problemas encontrados na realidade escolar. Porém, na atualidade, a formação continuada desconsidera as necessidades e experiências vividas pelos professores e tem voltado o foco ao atendime nto de necessidades externas ao professor e a escola. A formação continuada é condição para o professor desenvolver as competências necessárias para atuar de maneira crítica e reflexiva diante dos problemas encontrados em sua prática. Dessa for ma, considera-se imprescindível investigar a realidade da formação continuada, bem como as áreas e competências de ensino avaliadas com maior ou menor domínio pelos professores de Educação Física. O objetivo da pesquisa foi descrever e caracterizar o perfil de formação continuada de professores de Educação Física em distintos estágios da carreira e a autoavaliação sobre suas competências de ensino em áreas de conhecimento necessárias a docência em Educação Física. O modelo do estudo foi quantitativo, de caráter descritivo e comparativo. Participaram da pesquisa 131 professores do ensino básico da rede pública do Rio de Janeiro. Os professores experientes (n=32) e iniciantes (n=30) foram selecionados pelo tempo de experiência no ensino. Os dados foram coletados por meio do “Questionário de Caracterização da Formação Continuada e Autoavaliação de Competências Pedagógicas em Educação Física”. A análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva e as comparações por meio de comparação entre médias e qui-quadrado. Observou-se que apesar da participação em muitas modalidades de caráter compulsório e superficiais, estas não foram valorizadas na mesma medida pelos professores como são pelos sistemas de ensino. Ainda que em pequena medida, verificou-se a ocorrência de formações centradas na escola, as quais os professores atribuíram grande valorização. A maioria dos professores valorizaram ações de formações como a especialização, o mestrado e o doutorado, além de priorizarem a formação na área pedagógica, em que se encontra a maior frequência de participação. Em relação ao perfil de formação continuada, a comparação de professores experientes e iniciantes indicou diferença significativa apenas na frequência a palestras (t=-2,65; p=.01). As avaliações de professores experientes e iniciantes sobre as competências de ensino se diferenciaram significativamente (p≤.05) em seis das nove áreas de conhecimento, e em 12 das 24 competências de ensino analisadas, com os menores graus caracterizando os iniciantes. Apesar disso, a autoavaliação dos experientes também mostrou margens para o contínuo desenvolvimento das competências de ensino. A experiência foi uma variável fundamental às diferenças encontradas. As autoavaliações foram menores nas áreas de Tecnologia e Reflexão e, por isso, entendidas como merecedoras de investimento em formação. A autoavaliação dos professores fornece pistas de suas necessidades de formação e pode nortear políticas de formação continuada nesta área disciplinar.