“Esse é meu lugar no mundo”: maternidade e deficiência nas redes sociais

Abstract

A presente dissertação tem como tema de pesquisa mães de crianças com deficiência e sua atuação nas redes sociais Facebook e Instagram. Nosso objetivo é compreender quais são as concepções sobre maternidade e deficiência enunciadas nas publicações de três mães nas redes sociais citadas. Adotou-se como procedimento metodológico de investigação a pesquisa qualitativa na internet e alguns aspectos da netnografia. Acredita-se que a internet tem sido um espaço de manifestação de importantes fenômenos sociais e por isso é passível de estudos qualitativos como os aqui realizados. Os referenciais teóricos que ancoram essa pesquisa estão nos estudos sobre a deficiência apresentados por Piccolo a partir das reflexões sobre o modelo médico e o modelo social, a construção histórica da maternidade apresentada por Badinter em “O mito do amor materno” e as contribuições de Sibilia sobre o compartilhamento da vida privada na internet. As análises das postagens das mães interlocutoras dessa pesquisa revelam concepções individualistas de deficiência tais como as abordadas pelo modelo médico bem como o entendimento da deficiência como uma categoria universal e humana. Percebeu-se também a partir da análise dos enunciados dos textos compartilhados a ideia de que a maternidade com a deficiência exige uma mãe especializada que concentra em si toda a responsabilidade sobre o desenvolvimento dos filhos. O modelo individualista intensificado pelas novas formas do capitalismo expressas na internet exigem visibilidade e autenticidade de sujeitos que expõem diariamente suas vidas íntimas na internet. Nesse contexto as interlocutoras da pesquisa transitam entre os males e os benefícios de terem suas maternidades expostas na rede mundial de computadores.