Caracterização química e comportamento pós-colheita de tomates orgânicos especiais cultivados em Seropédica, RJ

Abstract

A produção orgânica vem se destacando por explorar variedades diferenciadas de olerícolas, as quais despertaram o interesse de representantes da alta gastronomia em grandes centros urbanos, como o Rio de Janeiro. Projetos socioeconômicos que visam uma comercialização justa compõem um novo nicho de mercado caracterizado por preconizar alimentos cultivados e distribuídos de forma sustentável. Assim, o presente estudo visou avaliar a utilização de dois tipos de embalagens biodegradáveis ou bioembalagens constituídas de fécula de mandioca (com e sem a adição de um tipo de retardante natural que visou a maior durabilidade destas) no acondicionamento de frutos de tomates orgânicos especiais, bem como caracterizá-los em termos de componentes químicos e bioativos. Foram avaliadas a integridade das bandejas através de escala de notas, bem como a caracterização química e de compostos bioativos de tomates das variedades Polonês amarelo, Perinha amarelo e Indigo Rose. Estes foram colhidos no estádio “de vez”, lavados em água corrente, higienizados com hipoclorito de sódio, acondicionados nas bioembalagens de fécula de mandioca com e sem retardante, recobertos por filme plástico e mantidos em BOD a 10ºC com UR de 90% por um período de 16 dias. As avaliações ocorreram no momento da colheita e a cada quatro dias, considerando os seguintes componentes: sólidos solúveis, acidez titulável, relação SS/AT, pH, ácido ascórbico, carotenoides totais, antocianinas totais, licopeno e β-caroteno. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em um esquema fatorial de 2x5 com 2 tipos de embalagens e 5 tempos de avaliação (dias 0, 4, 8, 12 e, 16 de armazenamento), com 5 repetições para cada variedade. O desempenho de cada caráter dos frutos foi comparado estatisticamente por modelos de regressão linear. As análises estatísticas foram feitas utilizando-se o software Sisvar à nível de significância de 5%. Os resultados mostraram que as bioembalagens com e sem a adição de retardante se mantiveram íntegras durante todo o armazenamento dos frutos, podendo ser utilizadas como alternativa para o acondicionamento destes in natura, já que estas apresentaram diferenças somente para alguns dos componentes avaliados. O comportamento dos tomates especiais orgânicos das três variedades sob acondicionamento nos dois tipos de bioembalagens durante os 16 dias de armazenamento mostrou que houve interferência do retardante aplicado às bandejas para o conteúdo de ácido ascórbico nos frutos das variedades Polonês amarelo e Indigo Rose, Acidez e Relação SS/AT para as variedades Perinha amarelo e Indigo Rose; bem como para carotenoides totais para as variedades Polonês amarelo e Indigo Rose, estando esses componentes com valores inferiores na maior parte do período de armazenamento. Além disso, houve aumento da relação SS/AT e redução dos teores de AT e de ácido ascórbico para as três variedades; Aumento de SS somente para a ‘Polonês amarelo’ e ‘Indigo Rose’, estando estas características ligadas a um caráter mais adocicado dos frutos; Aumento das antocianinas somente para a ‘Polonês amarelo’; Aumento dos carotenoides totais para o ‘Indigo Rose’ e manutenção dos teores de licopeno e β-caroteno para o ‘Perinha Amarelo’, denotando, portanto, comportamento diferenciado dos frutos em relação aos compostos bioativos. Desta forma, o presente estudo trouxe algumas informações importantes sobre as características químicas destas cultivares de tomate pouco conhecidas, que permitem inferir a estes frutos, potencial de utilização na gastronomia, bem como em outras áreas de alimentos.