Hemp for Victory: a construção da campanha proibicionista da maconha nos Estados Unidos (1900 - 1937)

Abstract

O presente trabalho objetiva investigar a construção da campanha de criminalização e proibição da cannabis nos Estados Unidos nos anos 1900-1937. Para executar esta tarefa, realizamos uma análise voltada para a história social do fenômeno proibicionista. O estudo se baseia em fontes jornalísticas, filmográficas e legislativas selecionadas a partir de sua relevância no contexto da elaboração do proibicionismo estadunidense. Das matérias selecionadas em periódicos, destacamos o artigo de Harry J. Anslinger, Marihuana: assassin of youth, publicado na revista American Magazine em 1937; o artigo Tea for a Viper, de Meyer Berger que relata o contexto de compra e consumo de maconha em Nova Iorque nos anos 1930. Somado a isso, destacamos três artigos que discorrem sobre a maconha como um terrível problema social: War on marihuana urged on parents (The New York Times), Campaign batles marihuana weed (New York Times), Loco Weed Hoodoos Horses (The Washington Post). Para analisarmos a representação da cannabis na indústria do entretenimento, nos debruçamos sobre um dos mais emblemáticos filmes antimaconha produzidos nos Estados Unidos, Reefer Madness (1936). Para dimensionarmos os efeitos práticos da campanha de criminalização da maconha, analisamos a transcrição da conferência no congresso para estabelecer a primeira legislação federal para o controle do comércio, produção e distribuição da cannabis, bem como a lei de tributação sobre a maconha de 1937, o Marihuana Tax Act. Outra fonte a ser analisada será a o estudo financiado pelo prefeito de Nova Iorque, Fiorello LaGuardia, sobre o problema da maconha na cidade (The Marihuana Problem in the City of New York. Mayor's Committee on Marihuana), publicado em 1944, com o propósito de esclarecer quanto aos boatos sobre o suposto problema da maconha que a cidade de Nova Iorque vinha enfrentando. A pesquisa, portanto, tem como problema central compreender a construção da campanha de proibição da maconha e o processo de criminalização da planta e seus consumidores. Entendemos que a importância desse tipo de questionamento se respalda na contestação do proibicionismo como uma das mais ineficientes políticas de controle do consumo de substâncias presente atualmente. Compreender a construção da campanha que criminalizou a maconha nos Estados Unidos, a partir do recorte selecionado (1900-1937), pode nos ajudar a compreender os fenômenos decorrentes dessa política de interdição geradora de desigualdades sociais.