Efeito das estações do ano sobre a taxa de prenhez de fêmeas bovinas leiteiras mestiças

Abstract

A presença de fatores estressantes destaca-se como um dos principais elementos correlacionados à queda no desempenho produtivo e reprodutivo em bovinos. O estresse térmico tem sido discutido como um dos principais fatores a impactar a pecuária devido a crescente modificação das condições climáticas no mundo, em especial a elevação da temperatura. Em vacas de leite, o estresse térmico possui efeitos deletérios em diversas etapas do desenvolvimento reprodutivo, diminuindo a fertilidade dos rebanhos por diferentes vias. O índice de temperatura e umidade (ITU) tem sido utilizado amplamente como um indicador capaz de estimar o grau de conforto térmico na unidade de produção e por possuir correlação positiva com parâmetros fisiológicos indicativos de estresse e correlação negativa com aspectos produtivos e reprodutivos. Representa uma ferramenta de fácil acesso através de estações climáticas, permitindo quantificar o nível de exposição e o impacto sobre a saúde animal. Neste contexto, estudos relatam a redução do desempenho reprodutivo durante os meses mais quentes, mesmo em regiões de clima subtropical. O presente estudo de metanálise, teve como objetivo comparar as taxas de prenhez de fêmeas leiteiras mestiças nas diferentes estações do ano na região da Zona da Mata Mineira. Para tanto, foi realizado um estudo observacional utilizando dados oriundos de propriedade leiteira comercial localizada na cidade de Mar de Espanha/MG. A coleta de dados de temperatura e umidade ambiental foi realizada pela base INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Foram avaliadas as condições climáticas no período de 2014 a 2022 e caracterizadas pelo cálculo do ITU. O menor ITU foi observado durante o inverno (61,5±3,9) enquanto o maior ocorreu no verão (68,4±3,6). A taxa de prenhez observada no inverno (59,9%) foi significativamente maior do que a observada no verão (48,6%). Quando comparado os ITUs médios entre vacas gestantes e não gestantes dentro de cada uma das estações, não foi observada diferença significativa, assim como não foi observada diferença no período de serviço para nenhuma estação do ano. Animais apresentando composição genética mais próxima de Bos taurus taurus (7/8 e 15/16) apresentaram maior redução da taxa de prenhez durante o verão quando comparados a animais com menor composição europeia (30,5% e 62,3%, respectivamente), denotando maior sensibilidade às condições climáticas. Conclui-se que as condições climáticas subtropicais durante o verão impactaram negativamente a taxa de prenhez de fêmeas bovinas mestiças na população estudada e que esse impacto ocorreu de forma mais intensa em animais apresentando maior composição genética europeia.