Novas espécies de parasitos do gênero Plasmodium e Haemoproteus em aves silvestres de ambientes montanos da Mata Atlântica do sudeste do Brasil.

Abstract

A Mata Atlântica é um dos grandes “hotspots” de biodiversidade e endemismo de espécies do mundo. Um dos fatores responsáveis por gerar tanta diversidade é o relevo. As montanhas oferecem condições ambientais distintas em relação às áreas circundantes além de forte isolamento geográfico, resultando em altas taxas de endemismo. Os estudos sobre a biodiversidade em montanhas da Mata Atlântica já revelaram a presença de diversas espécies, porém ainda não se conhece a diversidade de hemosporídeos aviários nesses locais. Assim, o objetivo do presente estudo foi investigar a diversidade de hemosporídeos aviários em ambientes montanos da Mata Atlântica utilizando técnicas morfológicas, moleculares e filogenéticas. Foram amostradas 621 aves em altitudes de 700 a 2500 metros acima do nível do mar. Na análise dos esfregaços sanguíneos a prevalência de parasitos do gênero Plasmodium registrada foi 4,25% (26/521) e Haemoproteus de 4,35% (27/621). Em uma ave da espécie Rhopias gularis amostrada no Parque Nacional do Itatiaia foi possível caracterizar e descrever uma nova espécie de parasito da malária aviária, Plasmodium (Novyella) erikdaemoni. Em hospedeiros Columbiformes da espécie Geotrygon montana no Parque Nacional da Serra dos Órgãos foi descrito Haemoproteus (Haemoproteus) massardi. As características morfológicas das novas espécies de hemosporídeos mostraram-se consistentes e inéditas, assim como as características genéticas recuperadas através das análises filogenéticas. Através dos resultados obtidos enriquecemos o conhecimento sobre a diversidade global de hemosporídeos e das espécies que ocorrem na Mata Atlântica, um bioma altamente ameaçado que tem o potencial de abrigar muitas espécies de parasitos da malária aviária ainda não conhecidos pela ciência, dada sua grande biodiversidade e a pouca amostragem realizada até o momento. Os dados aqui apresentados sugerem um efeito considerável do relevo sobre a diversidade e endemismo de parasitos dos gêneros Plasmodium e Haemoproteus na Mata Atlântica, uma vez que as novas espécies descritas ocorrem em ambientes montanos desse bioma.