O Memorial 9 de Novembro: perpetuação da memória política da cidade de Volta Redonda (RJ)

Abstract

O presente estudo tem como temática a relação entre o patrimônio material cultural e a construção e perpetuação da memória política da cidade de Volta Redonda, utilizando como objeto de análise o Memorial 9 de novembro, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Monumentos de rememoração são construídos nas cidades por representantes do poder público, que conferem a esses o caráter oficial e, assim, legitimam determinadas narrativas. A problematização que circunda essas representações – mais especificamente o memorial em pauta – é o questionamento acerca de quem legitima o patrimônio e como o município apresenta e representa sua história política, destacando a Greve de 1988 na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e o movimento sindical. A metodologia utilizada nesta pesquisa é baseada em uma abordagem bibliográfica e documental, que envolve a revisão e análise de uma ampla gama de materiais relevantes, como livros, artigos acadêmicos, documentos e publicações especializadas. Essa revisão bibliográfica permite a obtenção de informações abrangentes e embasamento teórico para o estudo. Durante a pesquisa de campo, foram realizados registros fotográficos, os quais desempenham um papel importante na documentação visual dos elementos de interesse relacionados ao patrimônio cultural estudado. Autores como Paul Ricouer (2007), Pierre Nora (1993) e Françoise Choay (2000) foram consultados e contribuíram teoricamente para a pesquisa. A pesquisa objetiva refletir sobre a relação da cidade de Volta Redonda com a sua memória operária sindicalista através do patrimônio cultural e os embates que o cerca. Assim, abordamos o direito à memória e sua relação com o reconhecimento de patrimônios não vinculados à classe social dominante. Isso justifica a necessidade contemporânea de discutir as conexões políticas, estéticas e de memória envolvidas na preservação e na destruição de patrimônios culturais. A rigor, a pesquisa visa compreender a amplitude e a diversidade das relações estabelecidas entre a memória, a cidade e o patrimônio, e como elas estão relacionadas ao processo de afirmação e reconhecimento da identidade social de determinados grupos através da memória pela perspectiva das manifestações culturais. Consideramos aqui, a relação entre o passado e o presente e como o presente pode se corporificar em determinados lugares e/ou objetos à memória monumental, abarrotados de significações, graças às vivências carregadas de mudanças espaciais e sociais, elencadas aos discursos intrínsecos e quase silenciosos sobre poder. Deste modo, a análise do Memorial 9 de novembro possibilita uma reflexão mais aprofundada sobre a narrativa de construção dos patrimônios e a maneira como eles são apresentados e preservados, sobretudo no que se refere à luta dos trabalhadores da região do Sul Fluminense.