Violência Escolar e Educação Física: Uma proposta de intervenção pedagógica em uma escola no Rio de Janeiro

Abstract

A Educação Física escolar atualmente enfrenta uma série de desafios, como a falta de legitimidade no ambiente escolar, a precariedade na infraestrutura e materiais, a inadequação na formação de professores, problemas relacionados ao currículo e as políticas públicas educacionais. Todos esses fatores afetam as práticas pedagógicas na educação física. Além desses, a violência escolar, apesar de nem sempre ser destacada nos debates acadêmicos, é uma questão que precisa de atenção. O aumento da violência nas escolas, que é multifatorial, afeta diretamente as práticas pedagógicas em Educação Física. Diante dos impactos negativos que a violência traz para a Educação Física escolar, e considerando a proposta do Modelo de Ensino da Responsabilidade Pessoal e Social (MRPS), que visa colaborar com a prevenção da violência escolar por meio das práticas corporais, é relevante explorar a aplicação desse modelo nas aulas de educação física do ensino fundamental no Rio de Janeiro. O tema abre espaço para (re)pensar o ensino da educação física em um contexto adverso, contribuindo para a mitigação de comportamentos violentos no ambiente escolar. Uma maneira de apoiar essa contribuição é por meio da criação de uma Trilha de Aprendizagem que descreve a aplicação do MRPS, e serve de inspiração para outros contextos educacionais. No âmbito acadêmico, a abordagem desse tema pode ampliar as investigações sobre propostas pedagógicas inovadoras na educação física, focadas na prevenção da violência escolar. A aplicação do MRPS pode atenuar comportamentos violentos, como as agressões físicas e a violência verbal. O objetivo desse estudo foi analisar os impactos da implementação do MRPS nas aulas de educação física em uma escola pública municipal de um bairro periférico do Rio de Janeiro, caracterizado por altos índices de violência urbana. A pesquisa-ação, de abordagem qualitativa, foi realizada em uma escola municipal do bairro da Praça Seca, com uma turma do 5o ano do Ensino Fundamental I. Foram aplicadas práticas pedagógicas do MRPS para avaliar sua contribuição na redução da violência escolar e na elaboração de uma Trilha de Aprendizagem para socializar os resultados e inspirar outros professores. Os participantes foram 24 alunos, com idades entre 10 e 12 anos. Os resultados das autoavaliações indicaram que 75% dos participantes atingiram o nível de respeito próprio e pelos colegas; 66,7% participaram ativamente das atividades; 45,8% demonstraram capacidade de autogestão; e 65% contribuíram ou ajudaram algum colega durante as atividades propostas. Conclui-se que MRPS demonstra potencial para a gestão de conflitos e a promoção de um ambiente escolar mais harmonioso, desde que haja planejamento estruturado, apoio institucional, integração interdisciplinar e capacitação docente. A inclusão das perspectivas da comunidade escolar pode tornar sua aplicação mais eficaz, reforçando a escola como um espaço de transformação social.