Estudos com chuva simulada: análise cienciométrica dos dados no Brasil e processo erosivo em zona de transição Cerrado-Amazônia utilizando padrões de precipitação

Abstract

Simuladores de chuva são uma ferramenta importante para o estudo da erosão do solo e outros processos hidrológicos como infiltração e escoamento superficial. Nesta Tese, apresenta-se uma análise bibliométrica e cienciométrica dos estudos com chuva simulada no Brasil, fornecendo uma visão geral do estado da arte da pesquisa nacional nessa temática. Os resultados indicam um total de 143 artigos publicados nos últimos 37 anos, e as principais áreas de pesquisa abordadas nos artigos são erosão do solo (57,34%), infiltração de água no solo (24,47%), perdas de nutrientes (9,8%) e desenvolvimento e calibração de simuladores de chuva (8,39%). A análise também revelou que o número de artigos publicados em periódicos internacionais de alto fator de impacto tem aumentado nos últimos anos. A maioria dos artigos (49,65%) refere-se a estudos realizados por instituições localizadas nas regiões sul e sudeste do Brasil. Além disso, há uma grande lacuna de estudos sobre chuva simulada em outras regiões do Brasil, onde biomas importantes como o Cerrado, a Amazônia e a Caatinga estão localizados. Além da análise bibliométrica, esta Tese aborda a erosão hídrica em áreas de cultivo de soja, milho e pastagem, localizadas no norte do estado de Mato Grosso, considerando diferentes condições de cobertura e padrões de precipitação Constante, Avançado, Intermediário e Atrasado, simulados pelo InfiAsper. Na área de soja, as chuvas foram aplicadas na presença da cultura sobre palhada de milho, apenas com palhada, em solo sem cobertura, e em solo revolvido, enquanto nas áreas de milho e pastagem foram consideradas apenas três coberturas (presença da cultura, solo sem cobertura e solo revolvido). A presença de cobertura vegetal demonstrou ser fundamental para reduzir a erosão do solo. Nas culturas da soja e do milho, a remoção da cobertura aumentou a taxa máxima de escoamento em 51,3% e 22,0%, respectivamente. Nas áreas de pastagem, a remoção da cobertura vegetal elevou a taxa máxima de escoamento em 47,29%. Os padrões de precipitação intermediário (IN) e avançado (AV) proporcionaram maiores perdas de solo em todas as coberturas, com destaque para a soja (até 5,79 g m−2) e milho (até 3,78 g m−2). O processo erosivo foi intensificado na condição de ausência de cobertura, demonstrando a sua importância na proteção do solo. Dessa forma, os resultados desta pesquisa não apenas preenchem lacunas no conhecimento atual sobre chuva simulada no Brasil, mas também oferecem informações valiosas para promover práticas sustentáveis e estratégias de conservação em ambientes agrícolas, especialmente em regiões ecologicamente sensíveis como a zona de transição Cerrado-Amazônia.