Memória histórica em disputa: patrimônio, narrativas e identidade na construção do projeto citricultor em Nova Iguaçu (1933-2003).

Abstract

Este estudo investiga a construção da memória e identidade histórica na cidade de Nova Iguaçu, entre 1933 e 2003, analisando o processo de consolidação do "projeto citricultor" como narrativa hegemônica. A pesquisa aborda como a elite local, centrada no distrito sede, selecionou e perpetuou determinadas memórias, privilegiando a citricultura e figuras históricas ligadas à agroexportação, enquanto marginalizou narrativas de grupos como migrantes, negros e indígenas. A tese explora quatro eixos principais: 1) a relação entre identidade e memória, utilizando conceitos como "presentificação" e a dicotomia "estabelecidos vs. outsiders"; 2) o patrimônio cultural edificado, destacando a falta de políticas públicas eficazes e o abandono de bens tombados, como a Fazenda São Bernardino; 3) o papel da produção literária e jornalística, especialmente o Correio da Lavoura, na difusão de uma identidade oficial; e 4) a atuação do Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu (IHGNI) e de figuras como Ney Alberto na construção dessa memória histórica. A metodologia combina análise de fontes escritas (livros, jornais) e história oral, revelando disputas simbólicas e silenciamentos na formação da identidade iguaçuana. Conclui-se que a memória oficial foi moldada por interesses políticos e econômicos, reforçando valores eurocêntricos e conservadores, enquanto outras narrativas permaneceram à margem.