Estrutura e florística da regeneração natural ao longo de um gradiente de perturbação em um fragmento florestal de Mata Atlântica

Abstract

Considerada um dos hotspots de biodiversidade, a Mata Atlântica sofreu redução da cobertura florestal, perda de diversidade e de serviços ambientais, interferindo na qualidade de vida da sociedade contemporânea. Trabalhos de restauração florestal devem utilizar metodologias que atuem nos processos ecológicos, construindo sustentavelmente comunidades vegetais. Para isso é imprescindível aperfeiçoar o conhecimento sobre os mecanismos de funcionamento das comunidades florestais. Parte desse conhecimento pode ser obtida a partir de estudos sobre a estrutura e composição da regeneração natural dos fragmentos remanescentes, principalmente quando se combina os níveis de perturbação pretéritos. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento estrutural e florístico da regeneração natural ao longo de um gradiente de perturbação após 60 anos do término das atividades antrópicas no Parque Natural Municipal do Curió de Paracambi - RJ (PNMCP). Foram estabelecidos três sítios amostrais: controle; moderadamente perturbado; e perturbado, em cada um deles foram instaladas 40 parcelas de 1m² em ambientes com oferta de atributos ambientais similares. Registrou-se 102 espécies arbóreas e arbustivas, distribuídas em 31 famílias e 66 gêneros no estrato regenerante. O número de famílias, a riqueza e a diversidade (H’) foram decrescentes conforme aumento na intensidade de perturbação dos sítios. O sítio moderadamente perturbado apresentou maior similaridade florística com o sítio perturbado. A menor similaridade encontrada foi entre os sítios controle e perturbado. A composição das espécies mais importantes variou entre os ambientes, sendo a maior equitabilidade encontrada no sítio controle, comprovando seu alto grau de conservação. A distribuição da abundância relativa por espécie mostrou-se diferente para todas as comparações. A intensidade de perturbação influencia principalmente a composição florística (importância relativa das espécies) e a diversidade do ecossistema, contribuindo para a formação de um mosaico de espécies dentro da floresta. Os parâmetros estruturais (densidade, riqueza e altura) são mais rapidamente recuperados, sinalizando elevada capacidade de resiliência do fragmento florestal.