O papel das florestas urbanas na mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas nas cidades: uma revisão sistemática

Abstract

Tendo em vista a tendência de crescente expansão urbana a nível global e as mudanças climáticas já em curso no planeta, é esperado que as cidades sejam fortemente afetadas pelos impactos dessas mudanças. Ao mesmo tempo em que sofrerão estes impactos, as cidades têm grande influência nas emissões de gases de efeito estufa. A concentração destes gases na atmosfera é o principal motor do aumento da temperatura global, que por sua vez causa as mudanças climáticas. Já é sabido que as florestas urbanas são um tipo de infraestrutura verde importante para trazer melhorias para as cidades, por conta dos diversos serviços ecossistêmicos que oferecem, como amenização dos efeitos das ilhas de calor urbana, melhoria do microclima, sequestro e armazenamento de dióxido de carbono (CO2), redução de poluentes no ar, entre outros. Assim, é importante se debruçar no estudo de cidades arborizadas, avaliando as possibilidades que colaboram com a mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas. A proposta deste trabalho é investigar qual o papel das florestas urbanas na mitigação das mudanças climáticas e na criação de cidades mais resilientes, que tenham condições de adaptação frente aos impactos ambientais provenientes das mudanças climáticas. A presente pesquisa também buscou compreender o panorama geral da produção científica que estuda a relação entre as florestas urbanas e mudanças climáticas. Para tal, foi realizada uma revisão sistemática de revisões de literatura em língua inglesa e portuguesa, nas bases de dados Science Direct e Web of Science, com leitura e análise de 21 artigos elegíveis. A busca das revisões foi realizada a partir da combinação dos seguintes termos: urban forest, urban forestry, urban trees, street trees, mitigation, global warming, climate change, carbon, GHG, greenhouse gas(es), adaptation, urban adaptation, nature based solutions, sustainable development, resilience e resilient cities. Os resultados indicam que as árvores urbanas têm um papel importante no sequestro e armazenamento de carbono (um dos principais gases de efeito estufa), mas as emissões de CO2 geradas nas cidades são muito maiores do que a capacidade das árvores em mitigá-las. Ainda assim, este potencial deve ser mais estudado e considerado como uma medida mitigativa. No que diz respeito à adaptação do meio urbano, as florestas urbanas têm bom potencial para criar condições de aumento da resiliência das cidades, melhorando o conforto térmico e reduzindo o estresse por calor, diminuindo as emissões indiretas de CO2 a partir da economia de energia com resfriamento e colaborando com a drenagem urbana, interceptando as águas pluviais e reduzindo a frequência e intensidade de enchentes e alagamentos. Entretanto, os estudos apontam que as mudanças climáticas também afetarão as florestas urbanas, indicando a importância de avaliar a vulnerabilidade dessas árvores em relação aos impactos climáticos e entender o quanto essa vulnerabilidade pode diminuir a influência das florestas urbanas na mitigação e adaptação. As revisões também ressaltam que mais estudos são necessários neste campo, sobretudo para a América do Sul e regiões de clima tropical.