Restauração passiva de pastagens abandonadas a partir da espécie facilitadora Clidemia urceolata DC

Abstract

Os ecossistemas tropicais sofreram várias ações que causaram impactos acumulativos até se chegar ao atual cenário de degradação, no qual prevalece a baixa produtividade agropecuária e oferta de serviços ecossistêmicos de qualidade e quantidade insuficientes para se manter a sociedade contemporânea. Como forma de remediação dos problemas, a restauração ecológica passiva se apresenta como uma estratégia viável, pois apresenta baixo custo e depende essencialmente da resiliência do meio para desencadear os processos de sucessão ecológica. Na área de domínio ecológico da Mata Atlântica alguns locais com pastagens abandonadas apresentam núcleos de Clidemia urceolata DC., que podem estar catalisando os processos de sucessão ecológica. Assumindo como hipótese teórica que a Clidemia urceolata é uma espécie facilitadora e nucleadora capaz de ofertar serviços ecossistêmicos que sustentam os processos envolvidos na restauração florestal passiva de pastagens abandonadas, se determinou como objetivo geral descrever os processos ecológicos em 34 anos de restauração passiva de pastagem abandonada em três partes: Capitulo I - Dinâmica de raízes finas no processo de restauração passiva na Mata Atlântica; Capítulo II - Alterações edáficas promovidas pela restauração passiva em núcleos de Clidemia urceolata DC. na Mata Atlântica; e Capítulo III - Processos ecológicos na restauração florestal passiva promovidos por espécie facilitadora na Mata Atlântica. O modelo de restauração a partir da colonização de pastagens abandonadas pela espécie facilitadora Clidemia urceolata modifica a biomassa de raízes finas, razão entre vivas e mortas e taxa de regeneração anual, podendo gerar via importante de entrada de matéria orgânica e nutrientes no ecossistema empobrecido, possibilitando a reconstrução da estrutura física do solo. Além disso, o avanço do processo de restauração passiva a partir da espécie Clidemia urceolata modificou os processos pedogenéticos, alterando os atributos químicos e físicos do solo. Transcorridos 34 anos do processo de restauração passiva, observa-se que as espécies passam a desempenhar funções ecológicas de fragmento florestal, sendo responsáveis pelo aumento da infiltração da água no solo, a qual tende a recarregar as reservas. Entre 8 e 14 anos, as habilidades de facilitação da Clidemia urceolata apresentam o melhor desempenho numa cronosequência de 34 anos, tanto espacialmente (efeito da nucleação), quanto funcionalmente (modificando os processos ecológicos envolvidos na restauração), promovendo alterações na dinâmica da sucessão ecológica.