Volta Redonda em preto e branco: trabalho, desenvolvimentismo e relações raciais (1946-1988)

Abstract

A tese tem como mote a implementação de uma das maiores companhias siderúrgicas da América Latina, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), desde sua implementação até os anos 1980, quando ocorre a maior greve da empresa e em que são assassinados três operários pelo exército. A obra teve início 53 anos (1941) após o fim do regime escravista no Brasil (1888), ao mesmo tempo em que a CSN é construída o Estado brasileiro veiculava, à obra e ao país, um forte discurso de formação da classe trabalhadora e de um novo período para o Brasil, pautado em desenvolvimento e evolução. A tese se dedica a analisar o quanto do período desenvolvimentista foi permeado pelo discurso de democracia racial, para tanto, o uso das fontes teve como objetivo compreender as disparidades entre um discurso inclusivo feito para a classe trabalhadora e as desigualdades estruturais pautadas na raça-cor que vinham como heranças das desvantagens do período escravista. Os esforços de análise conceberam a CSN para além de sua usina de aço, analisou-se um complexo industrial, pois de Minas Gerais vinha o minério de ferro, de Santa Catarina o carvão mineral e no Rio de Janeiro (cidade de Volta Redonda) se dava a produção do aço. A construção da tese seguiu os estranhamentos do autor em relação às fontes dentro de uma ordem cronológica: no primeiro capítulo encontram-se análises pautadas em um forte uso de imagens, no segundo analisa-se um periódico da empresa e como ele conceituava classe trabalhadora e tratava da questão racial e no terceiro, a temática principal, foi a construção dos movimentos negros em Volta Redonda e, para tanto, as entrevistas realizadas pelo autor e outros pesquisadores foram a fonte basilar