Construção do conhecimento agroecológico no Quilombo Cachoeira, região Central de Minas Gerais

Abstract

O presente trabalho foi conduzido junto a agricultores quilombolas, vinculados à Associação Comunitária Rural Cachoeira, Xambá e Ribeirão – ASCAXAR QUILOMBOLA, localizada no município de Dom Joaquim, região central de Minas Gerais. Objetivou-se avaliar estratégias de manejo do solo para a produção agroecológica do feijoeiro comum, utilizando a adubação verde Crotalaria juncea e a inoculação com preparado de raízes finas noduladas, como alternativa aos inoculantes comerciais para feijão, buscando eficiência na fixação biológica de nitrogênio (FBN). Nesse sentido, foi implantada uma Unidade de Observação na área de produção coletiva da associação, como espaço de diálogo e sensibilização das práticas trabalhadas. O estudo foi dividido em duas etapas. A primeira referiu-se à implantação de quatro talhões com os seguintes tratamentos em pré-cultivo ao plantio do feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris): (a) crotalária roçada e deixada em cobertura na superfície do solo; (b) crotalária incorporada ao solo; (c) fertilização mineral com NPK de formulação 4-14-8; e (d) controle, sem uso de adubação. Em sucessão, cada talhão da primeira etapa foi subdividido em dois para que o feijoeiro comum fosse plantado com e sem o uso do inoculante alternativo. Ao final dessa etapa, foi realizado dia de campo para avaliação participativa de indicadores de qualidade do solo e sanidade dos cultivos, para em seguida realizar entrevistas com os agricultores, utilizando questionário semi-estruturado. Na percepção desses, o uso da adubação verde com crotalária potencializou a geração de biomassa na área cultivada, proporcionando a cobertura do solo e a consequente retenção de umidade. Verificou-se também o papel estratégico da FBN, tanto pelo adubo verde quanto pelo feijoeiro que foi inoculado, contribuindo para a sustentabilidade do cultivo. A prática possibilitou inovação tecnológica a baixo custo e com a utilização de recursos locais. O uso de indicadores de sustentabilidade foi eficiente na sensibilização dos agricultores, além de se mostrar como importante ferramenta de apoio à tomada de decisão em processo de transição agroecológica.