“Não há Religião sem Deus, nem Pátria sem bandeira”: o Breviário Cívico de Coelho Netto

Abstract

Durante as primeiras décadas da República, a questão nacional estava no cerne das discussões entre os intelectuais brasileiros. Compreendendo a literatura como missão e a si mesmos como responsáveis pelo futuro da nação, vários intelectuais se predispuseram a pensar a nação e a propor seus modelos para o sucesso da pátria. Um destes intelectuais foi Henrique Coelho Netto (1864-1934), jornalista, cronista, político e imortal da Academia Brasileira de Letras, indicado ao prêmio Nobel de literatura em 1933 e eleito por seus pares como Príncipe dos Prosadores Brasileiros. Partindo do conceito de nação imaginada de Benedict Anderson, buscamos, em um primeiro momento, compreender qual era a nação idealizada por Coelho Netto, que seria embasada em quatro sustentáculos: política, educação, esportes e cultura. A partir disso, objetivamos analisar a importância da educação cívica para o sucesso da nação idealizada pelo autor. Para tal, escolhemos o livro Breviário Cívico, publicado em 1921 com apoio da Liga da Defesa Nacional, no qual o literato versa sobre diversos temas que julga importante para seu catecismo cívico, apresentando noções sobre política, família, patriotismo, cidadania, defesa do republicanismo e de uma noção liberal de indivíduo forjada em uma ótica virtuosa cristã. Nossa metodologia utilizará da análise do discurso presente na obra para buscar perceber qual o modelo de nação presente no livro e como o Breviário Cívico contribuiria para a construção da nação coelhonettiana.