Sobrevivência e estabelecimento da epífita Aechmea nudicaulis (L.) Griseb. (Bromeliaceae) em áreas com diferentes idades de restauração na Mata Atlântica do Rio de Janeiro

Abstract

A Mata Atlântica é formada por diversas formações florestais e ecossistemas associados, além de ser um hotspot de biodiversidade, cujos impactos da exploração histórica destacam a urgência de medidas para sua conservação e restauração ecológica. É crucial considerar a dinâmica ecossistêmica local para implementar ações eficazes no restabelecimento desse habitat. Para que um ambiente degradado recupere suas funções ecossistêmicas, é essencial promover uma reestruturação com a maior diversidade possível de formas de vida. A pesquisa sobre espécies e técnicas mais apropriadas para a reintrodução de epífitas em áreas restauradas pode aumentar a eficácia desses projetos e otimizar o uso dos recursos. As epífitas desempenham um papel fundamental na ampliação da biodiversidade dos habitats e na recuperação dos serviços ecossistêmicos das florestas. Este estudo teve por objetivo avaliar a sobrevivência, fixação, floração e frutificação de Aechmea nudicaulis (L.) Griseb na reintrodução em áreas com diferentes idades de restauração e diferentes rugosidades de tronco dos forófitos, na Mata Atlântica do Rio de Janeiro, como forma de enriquecer estas áreas restauradas. Para isto, foram feitas as seguintes perguntas: (1) Como a diferença de idade das áreas vai influenciar no estabelecimento da espécie? (2) Como a diferença entre espécie arbórea vai influenciar no estabelecimento da espécie? As hipóteses deste trabalho eram que (1) A. nudicaulis possui maior taxa de sobrevivência e sucesso reprodutivo na área de restauração mais antiga; (2) A. nudicaulis possui maior taxa de sobrevivência e sucesso reprodutivo em árvores com idades mais avançadas, já que estes ambientes podem proporcionar condições mais amenas e estáveis, permitindo uma maior eficiência no estabelecimento da espécie. As áreas de estudo ficam localizadas no município de Silva Jardim, no estado do Rio de Janeiro, sendo elas a Associação Mico-Leão-Dourado e a Reserva Biológica de Poço das Antas. A metodologia envolveu a produção de mudas em viveiros locais e sua implantação em três espécies arbóreas (Inga edulis Mart., Guarea guidonia (L.) Sleumer e Citharexylum myrianthum Cham.) em áreas de seis e vinte anos de restauração. Após a implantação, os indivíduos de A. nudicaulis foram monitorados mensalmente por um ano para avaliar sua sobrevivência, fixação e desempenho fenológico. A análise dos dados revelou que a idade da área de restauração teve um impacto significativo no estabelecimento da espécie, com maior sucesso observado em áreas mais jovens. Contrariamente à uma das hipóteses iniciais, a espécie arbórea não demonstrou influenciar o sucesso de fixação da epífita. As taxas de sobrevivência, fixação e desempenho fenológico foram muito maiores na área mais jovem de restauração, o que pode ser atribuído às condições microclimáticas dessa área, que, por ser um fragmento regenerante, possui pouco sombreamento, maior exposição à luz solar e árvores de menor porte. Sugere-se que a reintrodução de A. nudicaulis ocorra em áreas mais jovens, priorizando o uso de corda de fibra natural (sisal) desde a implantação para otimizar os resultados.