O estado nicaraguense e as políticas para o desenvolvimento da agricultura, segurança alimentar e mundo rural.

Abstract

A Nicarágua é uma nação que teve a agricu ltura como principal atividade econômica durante quase toda sua história. Surgiu de início para sustentação da colônia espanhola na América Central, obteve maior acesso ao mercado externo com sua independência nas primeiras décadas do século XIX, passou po r um processo concentrador de modernização dependente de alta tecnologia produzida internacionalmente em meados do século XX, teve depois um conturbado período revolucionário em que as principais propriedades do país foram estatizadas e a queda na produtiv idade refletia as investidas de diversos lados para a derrubada do governo para, repentinamente, adentrar no processo mundial de redução do poder estatal e liberalização da economia, quando o setor de serviços ganhou notoriedade na economia do país. Mesmo considerada com plena capacidade agrícola para se abastecer, a Nicarágua passou por diversas crises políticas e sociais em sua história que fatalmente atingiram sua produção no campo e favoreceu um considerável índice de pobreza e desnutrição principalment e de sua população rural, evidenciando um preocupante nível de insegurança alimentar. Com a piora de alguns níveis sociais e o aumento da atenção internacional com a delicada situação do país agroexportador, houve o esforço de diversas organizações para a institucionalização e incorporação do referencial da segurança alimentar nas políticas do Estado nicaraguense. Esse texto aborda desde os hábitos alimentares presentes nas comunidades étnicas que ocuparam o território antes da chegada europeia, até os esfo rços contra a pobreza e a incorporação normativa e legal do referencial de segurança alimentar, passando por alguns exemplos de estratégias agrícolas, de desenvolvimento rural e de luta contra a pobreza, utilizados por distintos governos do século XX. Essa abordagem tem como objetivo analisar a capacidade que o Estado nicaraguense tem para garantir os compromissos firmados não apenas da parte econômica, mas também no direito de sua população a uma alimentação adequada.