Histórias de vida de homens cis gays jovens criados em famílias evangélicas pentecostais na Baixada Fluminense e os reflexos em seus autocuidados

Abstract

Esta dissertação analisa a trajetória de jovens cis gays, criados por famílias cristãs evangélicas pentecostais no território da Baixada Fluminense (BF), periferia do Estado do Rio de Janeiro. O recorte temporal da pesquisa engloba a década de 1990, ano em que a homossexualidade foi retirada da lista de doenças mentais, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2020. Em termos teóricos, toma-se o conceito humanista rogeriano de constituição do eu (self) - a partir da consideração positiva incondicional - como orientação teórica e entenderá o autocuidado sob a perspectiva de “atitudes de manutenção e preservação da própria vida”, entendendo que, para tal, é imprescindível a condição de liberdade de si. O cuidado de si, é “exercício filosófico”: é o cuidado ético-moral de si, orientado para uma estilização da vida; uma estética do existir para as artes da existência. Como fontes de pesquisa bibliográfica foram utilizados livros, teses, dissertações, artigos encontrados em plataformas virtuais como Portal de Periódicos CAPES, Scielo e publicações do Conselho Federal de Psicologia (CFP) pertinentes ao tema. Somada à revisão bibliográfica, como metodologia, optou-se pela abordagem qualitativa de histórias de vida, cuja técnica de coleta de dados tem como fonte narrativas dos entrevistados, com entrevistas semiabertas, a partir de suas perspectivas de vida. As entrevistas foram realizadas com quatro jovens gays cisgêneros criados por pelo menos um familiar com religião evangélica, após a assinatura do termo de consentimento. Por fim, concluiu-se que os jovens cis gays, criados por famílias evangélicas pentecostais no território da Baixada Fluminense, tendem a criar estratégias próprias de autocuidado, mas, não antes de um processo de nulidade e de fragmentação de suas existências.