Estoques e dinâmica de carbono e nitrogênio do solo em diferentes sistemas de uso da terra

Abstract

O solo tem potencial para estocar altas quantidades de carbono resultante de processos biogeoquímicos, que acontecem através da decomposição da matéria orgânica. Diversos tipos de sistemas de produção agropecuário contribuem para o aporte de carbono no solo derivado da matéria orgânica, influenciando a produção de compostos orgânicos de diferentes naturezas químicas que promovem o aumento e diversificação da microbiota do solo, acarretando benefícios para o sistema de produção. A avaliação e diagnóstico do manejo do solo em seus diferentes tipos de uso pode ser feita por meio de indicadores de qualidade como microbiota e

frações da matéria orgânica, pois estes são sensíveis às mudanças ambientais. Assim, objetivou- se avaliar as alterações nos teores e estoques de carbono orgânico total, carbono lábil, carbono

solúvel, carbono da biomassa microbiana e nitrogênio total no solo de diferentes sistemas de uso da terra em Barbacena-MG. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado, com cinco repetições em cada tratamento. Foram selecionadas quatro áreas com os distintos usos do solo, a saber: floresta nativa (FN); consórcio entre gramínea e leguminosa com vinte e cinco anos (CGL), sistema silvipastoril com treze anos (SSP); monocultivo de pastagem com 27 anos (MP). As amostras foram coletadas nas profundidades de 0-5, 5-10, 10- 20, 20-30 cm através de solo deformado e indeformadas para efetuar análises de densidade, textura do solo, carbono e nitrogênio total e frações do carbono. Foram calculados os teores e estoques de C e N, e o índice de manejo do carbono no solo (IMC). Houveram diferenças significativas através do teste estatístico de Kruskall-Wallis e teste de Dunn (p>0,05) em todas as variáveis analisadas, exceto nitrogênio total. O uso do solo e composição dos sistemas influenciaram na dinâmica da matéria orgânica e no acúmulo de carbono no solo. O monocultivo de pastagem apresentou teores de carbono orgânico total mais próximo à mata nativa, revelando uma redução de 33% em relação ao tratamento referência, seguido por consórcio gramínea-leguminosa com diferença de 42%, e sistema silvipastoril com 50% de redução. MP e CGL revelaram menor carbono lábil, carbono solúvel e menor carbono da biomassa microbiana comparado ao tratamento SSP, que por sua vez, foi mais próximo à mata nativa. O índice de manejo do carbono apresentou resultado superior a 100 em todas as profundidades avaliadas no sistema silvipastoril, em MP o índice ultrapassou 100 somente na faixa de 5-10cm, e o sistema CGL não atingiu índice 100 em nenhuma profundidade. O estoque de carbono no solo sob consórcio e sistema silvipastoril apresentaram valores próximos, foram estatisticamente semelhantes (p<0,05), e inferiores à MP e FN, que apresentaram estoques mais próximos. O solo sob sistema silvipastoril com 13 anos de idade apresentou inferior estoque de

C comparado ao sistema em monocultivo de pastagem de 27 anos, consórcio gramínea- leguminosa de 25 anos, e floresta nativa, contudo, as frações da matéria orgânica em SSP

indicam o maior potencial deste sistema em estocar carbono em longo prazo.