Manejo 4.0 – VANTs e smartphones aplicados ao manejo florestal comunitário, Amazônia Brasileira

Abstract

Soluções criativas baseadas em tecnologias disruptivas e inovadoras vêm sendo apontadas como ferramentas necessárias ao desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia. As comunidades amazônicas, guardiãs da floresta, em especial as novas gerações, precisam de apoio para conservar e valorizar suas culturas, modo de vida e relação com a floresta. As tecnologias da 4a Revolução Industrial possuem potencial expressivo em contribuir para os processos produtivos agroextrativistas e para a redução do desmatamento ilegal. Este trabalho tem como objetivo geral apresentar o estudo de caso das aplicações dos veículos aéreos não tripulados (VANTs) e dos smartphones no contexto do Manejo Florestal Comunitário da Vila Céu do Mapiá, localizado na Floresta Nacional do Purus, Amazônia, Brasil. Os mapeamentos realizados com uso dessas ferramentas contribuíram para as atividades de planejamento, exploração e monitoramento florestal do empreendimento. As modelagens geradas pelo VANT deram suporte às tomadas de decisão na alocação das unidades de produção anual, na realização dos inventários florestais, no microzoneamento da exploração e no mapeamento e acompanhamento temporal das clareiras geradas pela queda das árvores exploradas. Os smartphones potencializaram a navegação na floresta e integraram a coleta e a manipulação dos dados da cadeia de custódia, desde o georreferenciamento das árvores até o registro das informações de interesse com atributos numéricos, de texto, fotografias, vídeos etc. De maneira geral observou-se uma evidente evolução com a incorporação dessas ferramentas na qualidade dos dados e consequentemente na gestão e nas tomadas de decisão operacionais, quando comparado com os procedimentos tradicionais utilizados na primeira exploração florestal, realizada em 2018. As clareiras provocadas pela queda das árvores apresentaram área média de 204 m2 e representaram impactos pontuais. Quando somadas às áreas suprimidas para abertura das estradas, totalizou-se 6% de corte raso em relação a área total manejada até o momento. Observou-se que, após 2 anos, a regeneração natural é abundante e já coloniza as áreas abertas durante a exploração, sendo possível a visualização das clareiras de forma remota apenas sobre os modelos digitais de superfície obtidos com o VANT. Os resultados obtidos demonstram que essas ferramentas podem contribuir de forma efetiva para a coleta de dados que subsidiam as tomadas de decisão e a operacionalização de todas as etapas da cadeia produtiva do manejo florestal.