Efeito da introdução de Arachis pintoi cv. Belomonte em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandú na produção leiteira e dinâmica de nitrogênio

Abstract

As mudanças climáticas são uma preocupação mundial. No Brasil aproximadamente um terço de todas as emissões de gases efeito estufa (GEE) de fontes antrópicas vem das atividades agropecuárias, e emissões de pastagens e bovinos dominam este setor. Neste contexto surge como alternativa as leguminosas forrageiras fixadoras de nitrogênio que aumentam a qualidade do pasto e dispensam fertilização nitrogenada. Contudo, ainda existem questionamentos acerca do impacto das leguminosas na produção animal, emissões de GEE nas excretas e a ciclagem de N no sistema solo/planta/animal. O objetivo do trabalho foi comparar o efeito da introdução do amendoim forrageiro (Arachis pintoi cv. Belomonte) em pastagens de capim Marandú (Brachiaria brizantha cv. Marandú) e um sistema fertilizado com N na produção leiteira, emissão de GEE e a ciclagem de N. O estudo foi desenvolvido na Estação Experimental da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) em Itabela – BA. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com 3 repetições de 2 tratamentos, capim Marandú fertilizado com 120 kg N ha-1 ano-1 (Bb+N) ou consorciado com amendoim forrageiro (Bb+Ar). Na avaliação das emissões de GEE um terceiro tratamento foi adicionado: pastagem degradada (Deg). O regime climático influenciou na produção de leite. As épocas de maior precipitação proporcionaram maior oferta de forragem com melhor qualidade nutricional que refletiu na produção de leite. A produção por ciclo de avaliação (84 dias) variou entre 255 e 658 kg leite ha-1. Em média Bb+Ar produziu 512 kg leite ha-1 enquanto Bb+N 477 kg leite ha-1. A avaliação de δ

13C das fezes mostrou que o consumo de amendoim representou 13 % da dieta dos animais. Na primeira aplicação de excretas a proporção do N das excretas (fator de emissão – FE) volatilizada como amônia (NH3) foi de 2,37% 2,43% e 3,60% e na segunda 6,80%, 1,98% e 6,22%, Deg, Bb+N e Bb+Ar respectivamente. As fezes praticamente não emitiram NH3. A volatilização do N da ureia fertilizante representou 1,97% e 2,50% na primeira e segunda aplicação, respectivamente. Na primeira aplicação os FE-urina de N2O foi de 1,36%, 3,85% e 1,41%, Deg, Bb+N e Bb+Ar, respectivamente. Nesta aplicação o FE do tratamento Bb+N foi maior dos demais. Na segunda aplicação os FE foram drasticamente reduzidos para 0,28%; 0,31% 0,19% Deg, Bb+N e Bb+Ar, respectivamente. O FE de N2O para ureia foi de 4,5% e 0,4%, primeira e segunda aplicação, respectivamente. A introdução do amendoim não alterou a taxa ‘k’ da decomposição dos resíduos vegetais (liteira) das forrageiras. Para os 6 dias do pastejo e os primeiro 6 dias de descanso, o “k” médio foi de 0,0904 g g-1 dia-1, enquanto que para os 28 dias subsequentes de descanso foi 0,0570 g g-1 dia-1. A proporção de amendoim na liteira variou entre 1 e 7%. A adição de N via FBN na liteira foi de 10,6 kg N ha-1 ano-1. A introdução de amendoim forrageiro se mostra promissor para a produção de leite. Houve um aumento das emissões de NH3 das excretas de Bb+Ar e diminuição das emissões de N2O. A FBN foi capaz de suprir a demanda de N. A intensidade das emissões dos GEE (excluindo metano entérico) caiu de 470 g CO2eq para 70 g CO2eq kg de leite-1 quando o fertilizante foi substituído pelo amendoim forrageiro.