Tecnologia de sementes para a conservação de espécies ameaçadas: o caso da Eugenia villaenovae Kiaersk. (Myrtaceae)

Abstract

A Eugenia villaenovae, também conhecida como grumixama-açu, pertencente à família Myrtaceae, se encontra atualmente classificada Em Perigo (EN) de extinção e está sujeita a cinco situações de ameaça, de acordo com o número de subpopulações. É uma espécie que possui potencial para projetos de restauração devido à sua raridade e por servir como alimento para avifauna. Seus frutos são arredondados e achatados nos polos, com casca lisa e fina, e polpa alaranjada e doce. A árvore pode chegar a 10 m de altura em seu habitat natural. Por se tratar de uma espécie ameaçada de extinção, estudos relacionados ao armazenamento e tecnologia das sementes são importantes para se pensar em planos de conservação. Foram montados quatro experimentos em laboratório: a) Maturação: testou-se a germinação e o vigor dos frutos coletados em diferentes pontos de maturação; b) Secagem: avaliou-se a sensibilidade à dessecação das sementes ao longo do tempo à temperatura de 35oC; c) Ortodoxia: avaliou-se o comportamento das sementes à secagem e ao armazenamento a 5oC e a temperatura abaixo de zero; d) Totipotência: determinou-se a capacidade de regeneração das sementes de Eugenia villaenovae submetida a diferentes cortes na semente. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ou Dunnet a 5% de probabilidade. Nessa pesquisa realizada com sementes coletadas de duas matrizes, foi constatado no experimento de maturação que os frutos vermelhos são o estágio ideal de colheita para a espécie, com alta taxa de germinação e vigor. A taxa de germinação das sementes submetidas a secagem diminuiu consideravelmente quando os teores de água reduzem a menos de 40%, sendo 17% o teor de água letal para a espécie. Nenhuma germinação ocorreu nas sementes armazenadas a -18 ºC, enquanto a germinação das sementes armazenadas a 5 ºC, apenas uma semente germinou. Para o armazenamento em temperatura ambiente a germinação foi de 59,72% durante os 3 meses. Para o experimento de totipotência as sementes com corte longitudinal apresentaram a maior taxa de germinação. A espécie apresentou ótima capacidade de regeneração, a velocidade de secagem das sementes é bastante lenta, o que pode indicar uma adaptação ao ambiente mais seco de floresta semidecídua e restinga, onde ocorre naturalmente.