Evidências de práticas sustentáveis na produção de soja: ações coletivas de atores locais no Município de Rio Verde-GO

Abstract

O contexto histórico de transformações da agricultura brasileira nos últimos 50 anos, especificamente nos aspectos da produção baseada em ciência e tecnologia, apresenta resultados surpreendente relacionados aos ganhos de produtividade, capacidade de adaptação de cultivares e inovação de processos. A necessidade de mudanças em sistemas produtivos e redução da dependência de insumos de base química está impulsionando o setor produtivo em específico em parceria com atores correlatos da cadeia produtiva da soja a buscarem alternativas em sistemas de produção pautado em uma agricultura mais sustentável, biológica/regenerativa, com princípios de preservação de recursos naturais e reestabelecimento de novas formas de vida no solo. Estas iniciativas ainda que incipientes são evidenciadas em algumas regiões produtoras do pais e neste contexto observou na investigação, ações coletivas dos atores da cadeia produtiva da soja, presentes no Município de Rio Verde-Goiás, que através de ações impulsionadas pela própria avaliação de indicativos de saturação do modelo convencional de produção, tem aplicado novas formas manejo da atividade baseado na introdução de insumos de base biológica produzido em biofábricas “on farm”, bem como ampliação de área com integração lavoura, pecuária e floresta, rotação de culturas, adubação por composto biológico e pó de rocha, dentre outras boas práticas produtivas. Por outro lado, observou-se a adoção de tecnologias diruptivas em várias etapas produtivas, pautadas na concepção da agricultura de precisão, que é considerada pelos produtores uma ferramenta aliada a conservação ambiental via eficiência econômica. Por fim, em consonância com os conceitos do referencial teórico da perspectiva multinível, verificou-se ações que emergem no ambiente de nicho, com criação de novidades no contexto da produção, pelo próprio produtor, emergindo neste sentido uma nova ‘identidade’ e/ou ‘perfil’ de produtor de commodity, menos ‘dependente’ do setor de insumos e ao mesmo tempo com característica inovadora com adesão aos princípios de uma agricultura sustentável. Neste contexto, evidenciou-se sob a ótica da teoria da inovação induzida, que os movimentos provenientes à inovação em processos e sistemas produtivos nesta região não estão diretamente correlacionados à indução externa dos atores de pesquisa institucional, como foi observado nas décadas de 60 e 70, conhecido na literatura como revolução verde. Destaca-se um novo perfil de produtor rural, com maior grau de autonomia em adoção de modelos produtivos, bem como, decisão sob a perspectiva do que, quando, quanto e como deverá ser realizado à atividade produtiva em sua propriedade.