Disposição final de água residuária de suinocultura em um solo cultivado com milho (Zea Mays L.) sob um sistema orgânico de produção

Abstract

Pesquisas mostram o potencial de utilização dos efluentes produzidos na criação animal na fertilização de cultivos agrícolas. Frente a esta realidade, o presente estudo teve como objetivo principal avaliar a disposição final de diferentes doses de água residuária da suinocultura (ARS) em um Planossolo Háplico cultivado com a cultura do milho (Zea mays L). Para isto foram construídas instalações de recria e gestão de resíduos líquidos na área experimental do Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR), Seropédica, RJ. O clima da região é definido como Aw na classificação de Köppen. Foram realizados dois períodos de avaliação (2013 / 2014 e 2014 / 2015), nos quais foi quantificado o ganho de peso de suínos mestiços submetidos à dieta preconizada para sistemas de criação animal orgânicos, e feita a quantificação e caracterização dos Resíduos Líquidos produzidos em dois lotes de animais. Também foi acompanhada a variação de propriedades químicas do solo da parcela experimental até 0,60 m de profundidade. O qual foi complementado pela quantificação da volatilização do nitrogênio oriundo das adubações de cobertura aplicadas no cultivo de milho variedade BRS Eldourado. Os tratamentos constaram na aplicação de duas adubações de cobertura: com lâminas de 20, 40, 60, e 80 m3 ha-1 de ARS, e com torta de mamona na quantidade de 450 kg ha-1 (T1, T2, T3, T4 e T5 respectivamente). Para finalizar, foram avaliadas características fitotecnicas de dois ciclos de cultivo do milho, e quantificadas a produção de espiguetas de minimilho e de grãos pela cultura. O delineamento experimental foi totalmente casualizado, com seis tratamentos e seis repetições cada.O consumo médio de alimento por animal, o ganho de peso médio, a produção de ARS por animal foram: 4,44 kg dia-1 , 0,433 kg dia-1 , 3,37 L dia-1 , respectivamente. A concentração dos nutrientes analizados da ARS foi inferior quando comparada aos sistemas convencionais de criação de suínos. Somente os tratamentos T3, T4 e T5 promoveram alterações significativas nas características químicas do solo na profundidade de 0 - 0,20 m ao final do cultivo do milho. Na profundidade de 0,20 - 0,40 m, somente o cálcio apresentou acréscimo significativo, nos tratamentos T4 e T5, em relação ao solo no início do cultivo do milho. Na profundidade de 0,40 - 0,60 m, nenhum dos tratamentos alterou significativamente as características químicas do solo. O tratamento de adubação de cobertura com torta de mamona apresentou maior volatilização de nitrogênio sendo 359% aproximadamente superior aos que utilizaram ARS. Nenhum dos tratamentos promoveu diferença significativa para as variáveis: altura de plantas, diâmetro do colmo e espiguetas desempalhadas de minimilho. Para a variável espigueta desempalhada só ocorreu aumento de produção significativo entre os tratamentos aplicados e a testemunha. Nos dois anos de cultivo Os tratamentos T2, T3, T4 e T5 propiciaram produção de grãos superior a da testemunha (T6). Nesse contexto pode-se afirmar que a aplicação de ARS é uma alternativa viável para fertilização de milho, nas condições de solo avaliadas, bem como uma forma adequada de disposição final deste efluente.