Novos aspectos patológicos e patogenéticos da hematúria enzoótica bovina

Abstract

Em um frigorífico no município de Barra Mansa, RJ, e por ocasião de visitas a campo em regiões infestadas pela Pteridium arachnoideum, foram coletadas 90 bexigas de bovinos que apresentavam sinais clínicos e ou lesões macroscópicas compatíveis com o quadro de hematúria enzoótica. As lesões encontradas tanto ao exame macroscópico quanto microscópico foram mais frequentes no corpo e na base da bexiga. À macroscopia um enrugamento difuso da mucosa da bexiga foi observado em 40% dos casos, o que foi correlacionado ao aumento do pregueamento da mucosa, à proliferação de pólipos, ao espessamento da lâmina própria, à fibrose e, nos casos mais graves, à proliferação multicêntrica de carcinomas uroteliais com crescimento endofítico. Tumores papiliformes foram classificados microscopicamente como carcinomas uroteliais em 35% dos casos e papilomas em 65%. Carcinomas e adenocarcinomas apresentaram, em alguns casos, diferenciações consideradas pouco frequentes, como intestinal, em células de Paneth e em células claras. Um adenocarcinoma mesonefróide foi encontrado na posição do trígono, o que demonstra a influência da origem embriológica da bexiga sobre os tipos de lesões encontradas. Lesões hemorrágicas na mucosa ocorreram em 100% dos casos, e estavam correlacionados a proliferações vasculares e hemorragias na lâmina própria ou, nos casos mais graves, 77,4% das elevações hemorrágicas foram correlacionadas a hemangiomas ou a hemangiossarcomas. Foi estabelecida uma identidade entre as lesões produzidas pela intoxicação crônica por P. arachnoideum em bovinos e as alterações provocadas na bexiga de seres humanos expostos a radioterapia ou à radiação ionizante ambiental.