Cystoisospora felis (Wenyon, 1923) Frenkel, 1977 (Apicomplexa: Cystoisosporinae): infecção experimental de suínos com oocistos esporulados e de seus hipnozoítas em gatos

Abstract

A primeira fase deste trabalho teve como objetivo avaliar a possibilidade de suínos domésticos albergarem em suas vísceras hipnozoítas de Cystoisospora felis. Para tanto foram infectados oralmente quatro suínos com 3,5 x 105 oocistos deste parasito. Através de necropsias realizadas aos 3°, 7°, 14° e 33° dias após infecção (DAI) órgãos como: intestinos delgado e grosso, baço, fígado, placas de Peyer e linfonodos mesentéricos foram removidos de cada suíno e submetidos à digestão péptica para pesquisar a distribuição dos hipnozoítas nestes órgãos. Dentre estes, somente não foi observada a presença do parasito no intestino grosso. Através da quantificação de hipnozoítas de C. felis nestes órgãos, se encontrou uma distribuição de parasitos que variava quanto ao órgão e quanto ao DAI. Observou-se que o maior tropismo foi pelo baço, fígado, linfonodos mesentéricos, intestino delgado e placas de Peyer. Na segunda fase deste trabalho foi verificada a possibilidade de transmissão do parasito a gatos através da ingestão de vísceras de suínos previamente infectados, assim como acompanhar as curvas de eliminação de oocistos para a infecção originada por ingestão de 106 oocistos esporulados de C. felis e por linfonodos mesentéricos, fígado e baço de suínos previamente infectados com este parasito. As diferentes doses infectantes fornecidas por cada tipo de infecção influíram no período pré-patente (PP), no período de patência (PPa) e na curva de eliminação de oocistos de C. felis. A infecção de gatos por fígado e linfonodos mesentéricos de suíno determinou o menor PP e o maior período foi determinado pela ingestão de baço. O maior PPa nestes animais foi determinado pela infecção por ingestão de fígado e baço. A infecção por ingestão de oocistos de C. felis foi responsável por um PPa de 20 dias. O menor PPa foi observado pela infecção por ingestão de linfonodos mesentéricos. Apesar da análise das médias das medidas de diâmetros maior e menor dos oocistos e esporocistos de C. felis eliminados nos diferentes tipos de infecção foram observadas algumas diferenças significativas quando estas foram comparadas entre si, não foi observada diferença entre os índices morfométricos esporocistos eliminados por todos os tipos de infecção. Através dos resultados obtidos neste experimento pode-se indicar o suíno como um novo hospedeiro intermediário da espécie C. felis por ter a capacidade de albergar hipnozoítas em suas vísceras. A transmissão do parasito a felinos através da ingestão do baço, do fígado e dos linfonodos mesentéricos destes suínos infectados, determinou a eliminação de oocistos nas fezes por estes gatos.