Validação da escala de hardiness para o contexto de formação do oficial combatente do Exército Brasileiro

Abstract

A profissão militar tem sido apontada como naturalmente estressante, diante da série de demandas que necessitam ser enfrentadas em seu cotidiano e à exposição a situações extremas como conflitos armados, envolvendo risco para a própria vida e de seus companheiros. Na formação militar tais desafios ainda são presentes, uma vez que este deve estar preparado para enfrentar situações que forem determinadas por seus superiores na atuação constitucionalmente prevista. É nesse sentido que o presente estudo teve o intuito de investigar o papel da robustez psicológica (hardiness) e da autoeficácia na autoestima de cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras. Hardiness tem sido apontado na literatura como uma variável imprescindível para o adequado desempenho e saúde de militares. A autoestima e autoeficácia, juntas, figuram como variáveis altamente relacionadas a indicadores de saúde e bem-estar. O objetivo então foi investigar tais variáveis no contexto da formação do oficial combatente do Exército. Apesar da importância da variável hardiness, são escassos os estudos em contexto brasileiro, situação que se agrava quando considerados contextos militares no Brasil, principalmente pelo fato de não haver instrumentos adequados para mensuração do constructo. Assim, figurou também como um dos focos do presente estudo a validação de um instrumento espanhol para mensuração de hardiness, sendo a autorização para tal já obtida juntos aos autores do estudo original. Para a mensuração das variáveis nos cadetes dos quatro anos da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), foram aplicados três questionários: Questionário de Hardiness Ocupacional (QHO), Escala de Autoeficácia Geral Percebida (EAGP) e a Escala de Autoestima de Rosemberg (EAR). Os dados foram analisados com os programas SPSS e AMOS, ambos da versão 19. Como resultados, foi obtida uma forte correlação entre as três variáveis estudadas, tornando-se possível validar o QHO. Como conclusão, pode-se afirmar que o QHO é adequado para investigações em contexto militar brasileiro, ao menos no que se refere à AMAN. Investigações em outros contextos, ainda que militares e considerando participantes brasileiros, irão requer novos procedimentos de investigação das características psicométricas do instrumento no contexto investigado.