Períodos de suplementação proteico-energética para recria de novilhas mestiças Nelore em pastagem diferida de Urochloa decumbens

Abstract

O diferimento das pastagens e a suplementação proteico-energética (SPE) são estratégias apropriadas a bovinocultura de corte, sobretudo no período seco do ano. Entretanto, a adoção equivocada destas técnicas pode comprometer sua relação benefício/custo (B/C). Neste sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar o desempenho de novilhas mestiças Nelore sob dois períodos de SPE, assim como as condições dos pastos de Urochloa decumbens diferidos por 121 dias. Isto, sob hipótese de que novilhas submetidas a um menor período de SPE apresentariam pesos corporais semelhantes a outras suplementadas por maior período ao final da avaliação, devido ao efeito de “crescimento compensatório”. Para tanto, foi conduzido um experimento na Fazenda Santana, em Valença – RJ sob delineamento inteiramente casualizado, com dois sistemas de produção: 151 e 59 dias de SPE (151 e 59 SPE, respectivamente), no período de 21/06/2016 a 19/11/2016. Neste contexto, foram coletadas 10 amostras de forragem em dois pastos (8 ha cada) por avaliação (total de 7), utilizadas 20 novilhas mestiças Nelore para 59 SPE, e 20 para 151 SPE. Ao 59 SPE foi ofertado sal branco nos primeiros 92 dos 151 dias de experimento, e para 151 SPE, apenas mistura múltipla. Os dados foram analisados pelo PROC MIXED do SAS®, e as médias dos tratamentos comparadas pela PDIFF (p<0,05). A oferta de forragem (OF) aumentou de 6,8 para 12,5 kg ha-1 de MS 100 kg-1, em média, devido à redução dos períodos de ocupação. Houve efeito (p<0,0001) de tempo (avaliação) para massa de forragem (MF) e massa seca de material morto (MSMM). A MF foi reduzida (5984 para 3810 kg ha-1) devido ao pastejo e às condições climáticas, e a MSMM aumentou (2881 para 3814 kg ha-1) devido avanço da idade fisiológica da planta. Houve efeito de interação (p<0,0001) para massa seca de lâminas foliares (MSLF) e massa seca de colmos (MSC). Ocorreu alternância dos resultados de MSLF para ambos os sistemas, provavelmente pela elevada OF e maior consumo de folhas em determinadas avaliações que em outras. Houve redução na MSC e menores valores (629 kg ha-1) foram observados no 151 SPE, possivelmente pela maior eficiência de pastejo. Houve efeito de interação (p<0,0001) para ganho de peso total (GPT), ganho médio diário (GMD) e peso médio (PM). Maiores GPT e GMD foram obtidos nos períodos de avaliação 1 e 7. Os GPT e GMD foram maiores para 151 SPE do período 2 ao 4 e maiores para 59 SPE do período 5 ao 7. De forma geral, os PM aumentaram e foram semelhantes entre os sistemas nas pesagens 0, 1, 2 e 7. Na pesagem 7 (última), as novilhas apresentaram PM semelhantes (p>0,05) de 334 e 329 kg para 151 e 59 SPE, respectivamente. Os valores presentes líquidos (VPL) foram negativos para 151 SPE sob as taxas de juros avaliadas (4, 6, 8 e 10%), enquanto que para 59 SPE, o VPL foi positivo (R$ 360,14) ao menos à taxa de 4% a.a. A taxa interna de retorno (TIR) foi atrativa para 151 (3,97%) e 59 SPE (4,68%) em comparação a taxa mínima de atratividade (2,06%). Foi obtido balanço econômico positivo de R$ 17,49 por animal, para substituição do 151 SPE por 59 SPE. Estes resultados permitem afirmar que a redução de 92 dias na SPE proporciona desempenho semelhante entre novilhas mestiças Nelore, além de maior eficiência econômica do sistema de produção, devido ao “crescimento compensatório” dos animais no 59 SPE