Da subjetividade à reflexão crítica: leitura de vidas secas no ensino fundamental

Abstract

No ensino fundamental, o aluno costuma ter contato com o texto literário através de contos, poemas e fragmentos de romances ou peças teatrais. Porém, nas escolas públicas, a leitura completa de obras canônicas não é tão comum. Esta pesquisa tem como propósito questionar as razões de não ser frequente a leitura de romances abonados pela crítica literária nessa etapa da educação básica, bem como possibilitar como resultado dessa leitura a coexistência entre análises subjetivas e literárias propostas pelos alunos-leitores, mostrando que o diálogo entre essas diferentes leituras pode servir de andaime para que se alcancem leituras cada vez mais reflexivas. Outra intenção deste trabalho é criar mecanismos para que o propósito da avaliação de produção textual da rede municipal do Rio de Janeiro seja alcançado, pois a pesquisa feita com professores dessa rede indica que as práticas que envolvem essa avaliação têm provocado apenas o tangenciamento de algumas de suas propostas. Para alcançar os objetivos citados, foi empreendida a leitura do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos. A escolha desse livro se deve ao fato de ele abrigar críticas sociais que atravessam tempo e espaço, tornando-o atual e necessário à compreensão da realidade brasileira. Além da ideologia subjacente à sua produção, interessa à pesquisa a composição estilística do livro cuja estrutura poderá ajudar o aluno a organizar seu pensamento. Paralelamente à leitura, ocorreram debates coletivos como forma de oportunizar o aparecimento e aperfeiçoamento dos níveis de leitura mencionados acima. Ao final das atividades de leitura e debate, os alunos produziram dois textos com enfoques diferentes e através deles é possível perceber que a proposta defendida nesta pesquisa é viável e passível de extensão aos currículos dos alunos de nono ano do ensino fundamental. E, para o embasamento teórico, a pesquisa se apoia em leituras de Annie Rouxel, Antonio Candido, Alfredo Bosi, Beatriz Sarlo, Michèle Petit, Rildo Cosson e Tereza Colomer.