Em nome do clima: instituições e práticas na ambientalização das finanças no Brasil

Abstract

A presente tese teve como questão o processo de construção social da noção de crise climática e a legitimação da mudança climática antropogênica como um fato aceito no campo político. O objeto da investigação é o diagrama de forças que compreende as instituições, discursos, práticas e agentes envolvidos na elaboração e implementação de políticas que, em nome do combate às mudanças climáticas, promovem uma ampliação dos mecanismos de mercado. A pesquisa foi realizada a partir dos seguintes casos: a apropriação da noção de crise climática pela ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) no Rio de Janeiro; a construção da Bolsa de Valores Ambientais do Rio de Janeiro (BVRio); e o Sistema de Incentivos aos Serviços Ambientais do Estado do Acre (SISA) e três projetos privados de Redução de Emissões do Desmatamento e a Degradação (REDD+) naquele estado. As análises foram fundamentadas em reflexões teóricas sobre as categorias ciência, mudança climática e as noções de ambientalização, mercantilização e financeirização da natureza, no quadro de uma sociologia dos problemas sociais, que considera o papel dos empreendedores institucionais e das organizações não governamentais. A tese tem por hipótese que os problemas políticos são frequentemente construídos de modo a conter já os meios de sua solução. Foram identificados os distintos agentes que agiram como empreendedores institucionais; foram caracterizadas as principais construções argumentativas e medidas propostas; e discutidas as implicações políticas, socioambientais e culturais das novas institucionalidades e práticas criadas em nome do combate à mudança do clima.