Caracterização química, mineralógica e eficiência agronômica de diferentes fosfatos

Abstract

A alta demanda por fertilizantes fosfatados no Brasil e a dependência externa desses insumos, em sua maioria importados, ressaltam a necessidade de desenvolver estratégias para atender à carência de fósforo (P) dos solos brasileiros. O país possui um enorme potencial de exploração dessas fontes, tanto em termos de reservas nacionais de rocha fosfática quanto no aproveitamento de resíduos agropecuários. A origem desses materiais e sua composição química estão diretamente relacionadas à eficiência agronômica. Este trabalho teve como objetivo: (i) caracterizar e (ii) avaliar o desempenho agronômico de fosfatos de diferentes origens, incluindo fosfatos sedimentares nacionais (Arraias-TO; Bonito-MS; Pratápolis-MG) fosfatos sedimentares importados (Argélia; Bayóvar; Marrocos), fosfatos ígneos (Catalão-GO, Jacupiranga-SP, Registro-SP), biofosfatos (Bonechar, digestato) e um fosfato de referência, superfosfato triplo (STP). Para caracterização dos fosfatos, foram realizadas análises mineralógicas e químicas. Foi abordada uma metodologia simplificada para determinação de P total e P solúvel em ácido cítrico 2%, comparando-a com o método oficial do MAPA (Quimociac). O teor de P solúvel foi extraído por diferentes ácidos orgânicos e correlacionado com os resultados de desempenho agronômico no milho. O experimento de casa de vegetação foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 13 tratamentos e quatro repetições, incluindo os diferentes fosfatos e um tratamento controle (sem P). As unidades experimentais foram compostas por vasos plásticos contendo 2 kg de Latossolo Vermelho distroférrico. Os fertilizantes foram incorporados ao solo em volume total, antes do primeiro plantio. Foram realizados dois cultivos de milho, cada um com duração de 45 dias. Foi mensurada a massa seca da parte aérea e os teores de P, N, K, Ca e Mg. A comparação entre os métodos de determinação de P mostrou excelente concordância, indicando que a metodologia simplificada é uma alternativa viável na análise de fertilizantes fosfatados. Os biofosfatos, provenientes de subprodutos agropecuários, tiveram alta solubilidade em todos os extratores orgânicos. O ácido fórmico a 2% teve maior capacidade em solubilizar fosfatos reativos. O Bonechar teve eficiência agronômica equivalente ao STP. Os fosfatos sedimentares reativos foram equivalentes ao STP na eficiência agronômica. Os fosfatos nacionais que passaram apenas por beneficiamento primário apresentaram menor eficiência agronômica. O ácido fórmico 2% e o ácido oxálico 2% se mostraram bons indicadores da produção de massa seca da parte aérea e do P acumulado no primeiro cultivo. O ácido cítrico 2% foi um indicador confiável da produção de massa seca parte aérea no primeiro cultivo. A fertilização com biofosfatos e fosfatos sedimentares para uso direto na agricultura pode ser uma alternativa no suprimento de P em solos brasileiros.