Serviços ecossistêmicos e impactos ambientais do cultivo de cannabis

Abstract

A Cannabis spp. é reconhecidamente uma planta de uso milenar, a qual possui inúmeros atributos fisiomorfológicos que lhe conferem qualidades medicinais, ecológicas, físico- mecânicas, espirituais e religiosas, entre outros usos. Entretanto, existe uma legislação vigente, atualmente, que limita seu uso em determinados países e de diferentes maneiras. O uso medicinal e industrial alcança notoriedade mundial, após anos de proibição, sendo paulatinamente regulamentado. Diante desse cenário, são crescentes as preocupações acerca dos impactos ambientais do cultivo em larga escala. No Brasil, a autorização para o plantio está restrita às associações destinadas ao uso medicinal, fato que impede que sejam realizadas pesquisas sobre seus impactos ambientais, bem como, realizar experimentos práticos para o aprofundamento na compreensão do provimento de serviços ecossistêmicos desses cultivos. Este trabalho buscou realizar uma revisão bibliográfica sistemática para o levantamento de informações, resultados de pesquisas e discussões a respeito do cultivo de Cannabis spp., abrangendo grande parte de suas finalidades. Os serviços ecossistêmicos relacionados ao tema da pesquisa foram listados e classificados como de provisão, regulação, suporte ou cultural. Foram considerados os cultivos de cannabis como fonte de alimento, de substâncias com atributos medicinais, a capacidade de sequestrar carbono, qualidades culturais para o ser humano e demais usos citados em literatura. Foram abordados os impactos ambientais negativos e as respectivas sugestões de mitigação, como por exemplo, sua elevada demanda hídrica, alteração de ecossistemas aquáticos e mudança no uso e ocupação do solo. Portanto, os resultados indicaram que há riscos ambientais nos diferentes tipos de cultivo de cannabis, enquanto o provimento dos serviços ecossistêmicos, depende diretamente do sistema de produção adotado e do arranjo social e institucional. Assim, critérios para a regulamentação dos cultivos são necessários, principalmente visando o uso em larga escala, incluindo a necessidade de realização de pesquisas científicas. Considera-se que o cultivo de cannabis no sistema agroecológico apresenta o menor risco de impacto ambiental negativo e o maior provimento de serviços ecossistêmicos, sendo recomendado como diretriz para regulamentação no Brasil, visando o desenvolvimento do agronegócio sustentável.