Reintrodução e monitoramento de epífitas em áreas em processo de restauração ecológica na Mata Atlântica

Abstract

Atualmente a restauração ecológica em florestas tropicais entende que a diversidade florística é fundamental para a evolução e manutenção dos sistemas florestais, e que ainda são encontradas dificuldades para estabelecer processos ecológicos que garantam a sobrevivência da floresta e forneçam serviços ecossistêmicos. Desafios como a chegada ou introdução de outras formas de vida têm ganhado visibilidade no cenário da restauração e as epífitas se destacam por serem um grupo altamente diverso que participam direta ou indiretamente no nicho da fauna e flora local. O presente estudo teve como objetivo preencher lacunas no enriquecimento de áreas de restauração ecológica com formas de vida epifíticas, buscando compreender a relação entre as condições fornecidas às espécies de epífitas e sua fixação e sobrevivência. Para estudar o comportamento das epífitas reintroduzidas, o experimento testou três espécies de forófitos com características de casca diferentes, localizados em duas áreas de restauração florestal, uma delas com vinte e três anos na Reserva Biológica Poço das Antas e outra com sete anos de plantio no Parque Ecológico Mico Leão Dourado em Silva Jardim – RJ. Para isso, foram reintroduzidas mudas de duas espécies do gênero Cattleya (ORCHIDACEAE) e Rhipsalis teres (CACTACEAE) em 60 forófitos em cada área de plantio. As espécies arbóreas que receberam as mudas foram Guarea guidonea (MELIACEAE), Inga edulis (FABACEAE) e Citharexylum myrianthum (VERBENACEAE). Após um ano de monitoramento os resultados demonstraram que houve diferenças estatísticas significativas entre as áreas. Para os dois grupos testados, o melhor desempenho foi observado no sítio com sete anos de idade de plantio, onde a sobrevivência observada foi justificada pela maior incidência solar proveniente do ambiente de reintrodução. Da mesma maneira, a mortalidade observada no sítio de vinte e três anos foi justificada pela baixa incidência solar no ambiente de reintrodução. Com os resultados apresentados é possível recomendar a reintrodução das Cattleya e Rhipsalis teres em projetos de restauração florestal, com idade iguai ou superior a sete anos, estimando-se obter taxas de sobrevivência de pelo menos 90%.