Extração do tanino da casca de Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan e sua utilização como coagulante natural em tratamento de águas residuárias

Abstract

A crescente preocupação com a sustentabilidade no tratamento de efluentes tem incentivado a busca por alternativas naturais aos coagulantes químicos convencionais. Entre essas alternativas, destacam-se os taninos vegetais, moléculas fenólicas com propriedades coagulantes, amplamente encontradas em espécies como Anadenanthera colubrina (angico branco). Este estudo avaliou a eficácia do tanino extraído da casca dessa espécie no tratamento de águas residuárias da bovinocultura de leite, investigando sua capacidade de reduzir turbidez, demanda química de oxigênio (DQO) e outros parâmetros de qualidade da água. Foram realizados ensaios laboratoriais com métodos de extração por refluxo e autoclave, utilizando diferentes concentrações de sulfito de sódio (Na₂SO₃) e hidróxido de sódio (NaOH). Os parâmetros avaliados incluíram pH, condutividade elétrica, turbidez, DQO e fósforo dissolvido. A extração a 2% de Na₂SO₃ apresentou bons resultados quanto ao rendimento de taninos e propriedades químicas consistentes para aplicação como coagulante. No entanto, os ensaios de coagulação-floculação demonstraram que, embora o tanino tenha potencial, sua aplicação em condições testadas não foi eficaz. Os resultados indicaram aumento da DQO e manutenção de alta condutividade elétrica em alguns tratamentos, especialmente no tratamento que utilizou 2 mL de solução tânica extraída com 5% de NaOH. A turbidez inicial da água residuária bruta (92,9 NTU) permaneceu elevada, e a ausência de coagulação indicou limitações no desempenho do tanino como coagulante sob essas condições. Sugere-se realizar novos experimentos com variações de dosagem, combinações com outros agentes coagulantes e ajustes nos parâmetros físico-químicos do processo. Ensaios em maior escala também são recomendados para validar a viabilidade técnica e econômica do uso do tanino em sistemas de tratamento de efluentes.