Avaliação atencional e executiva em indivíduos com transtorno de compulsão alimentar periódica

Abstract

O transtorno de compulsão alimentar periódica acomete uma parte significativa da população mundial e torna-se cada vez mais relevante do ponto de vista científico, aumentando pesquisas referentes ao assunto dos transtornos alimentares. Sabe-se que a etiologia desses transtornos é multifatorial e complexa, portanto, estudos acerca de associações, fatores precipitantes, predisponentes e mantenedores são importantes contribuições. Dentre esses fatores relacionados ao transtorno de compulsão alimentar periódica, alguns autores apontam para as funções executivas, como o controle inibitório e a flexibilidade cognitiva, assim como aspetos relacionados a atenção. Desta forma, o presente estudo teve por objetivo investigar a relação de aspectos atencionais e executivos com o transtorno de compulsão alimentar periódica, buscando analisar o perfil neuropsicológico destes indivíduos. Para isso, a pesquisa utilizou os seguintes instrumentos: Anamnese, Escala Barkley de Déficits no Funcionamento Executivo- BDFES, Escala de Impulsividade de Barratt- BIS, Escala de Compulsão Alimentar- BES, Teste de Atenção On-line- AOL e Teste dos Cinco Dígitos-FDT. A respeito das hipóteses, era esperado que a impulsividade, o déficit no funcionamento executivo e o déficit na atenção correlacionasse de maneira positiva em relação a compulsão alimentar. A composição da amostra obteve 9 participantes encaminhados por psiquiatras com diagnóstico prévio de transtorno de compulsão alimentar periódica. Foram realizadas duas etapas na análise de dados, a primeira aplicada o Teste U de Mann Whitney no teste de hipóteses, com a amostra dividida de acordo com a gravidade da compulsão alimentar, entre grave e não grave, de acordo com sintomas avaliados por instrumentos utilizados na própria pesquisa. No segundo momento foi feita a Correlação de Spearman, de modo a obter mais informações a respeito das variáveis, desta vez em um delineamento intragrupo, sem divisão. A impulsividade de fato se mostrou uma variável significativa. Também receberam destaque as variáveis autocontrole, funções executivas e atenção alternada. Apesar da limitação quanto ao número da amostra, foi possível alcançar o objetivo da pesquisa e traçar um perfil neuropsicológico desses indivíduos compulsivos. A fim de que futuras intervenções possam ser realizadas de maneiras mais eficazes no tratamento e acompanhamento destes indivíduos.