Energia em sinais: é possível ensinar essa grandeza em LIBRAS?

Abstract

A Física se constitui um campo de conhecimento abundante em conceitos presentes em nosso cotidiano imediato e ainda em situações mais gerais e distantes. Na escola, frequentemente esse construto científico se distancia da possibilidade do encanto dos alunos por refletir um ensino mecânico e desconexo. Esse panorama torna-se complicado quando pensamos não só em uma educação cujo objetivo é colaborar com a Alfabetização Científica destes alunos, mas também em uma Educação Inclusiva, que busca alcançar alunos com diferentes necessidades educativas. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva dissertar sobre temas que envolvem o ensino de Ciências/Física principalmente para alunos Surdos, buscando refletir sobre o panorama atual de pesquisas da área por meio de revisão sistemática de literatura. A pesquisa busca observar os materiais e recursos disponíveis, além de apontar possíveis caminhos para dar suporte a professores que querem aprimorar o processo de ensino­aprendizagem em ciências/física de alunos Surdos. São apresentados documentos nacionais e internacionais que versam sobre a educação inclusiva, o ensino de Surdos e o ensino de ciências, física e energia. A metodologia de pesquisa apoia-se em revisão sistemática de literatura em diálogo com a análise de conteúdo qualitativo proposta por Bardin (1977), Lüdke e André (1986). O referencial teórico fundamenta-se nos aspectos históricos da Educação de Surdos, aspectos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais (Libras), a relação língua, linguagem e pensamento com base em Vigotski (2001, 2022), além de seu trabalho de defectologia, e questões referentes ao ensino de ciências e física. Discorre-se, ainda, sobre a elaboração de produto educacional, suas características, e apresenta-se a descrição de um caderno didático elaborado como parte da presente dissertação, explicitando as escolhas dos sinais que são utilizados no material. Conclui-se que os objetivos estipulados foram alcançados, mas reconhecendo que a revisão sistemática não esgota todos os possíveis trabalhos na área. Além disso, apontam-se possibilidades futuras, tais quais: a testagem do material com alunos Surdos; a avaliação do caderno didático através de questionário, por professores e tradutores e intérpretes de Libras (TILS); a produção de um vídeo bilíngue para complementar o produto; e a possibilidade de pensar esses processos em ambientes de educação não formais, como museus e centros de ciências.