Desenvolvimento de “Embalagem Orgânica” visando aplicabilidade em produtos alimentícios

Abstract

O alimento orgânico, seja ele in natura ou processado, é aquele que é obtido em um sistema orgânico de produção agropecuária ou de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local. A embalagem para esses alimentos também deve seguir essa tendência, impulsionando pesquisas para o desenvolvimento de materiais biodegradáveis e sustentáveis. Sugere-se uma “embalagem orgânica”, filmes produzidos com insumos naturais e orgânicos, mantendo um sistema de produção limpo. Para isso faz-se necessário que os insumos também atendam a esse conceito, como os plastificantes. O estudo objetivou desenvolver uma “embalagem orgânica” utilizando matriz polimérica (fécula de mandioca orgânica) e plastificantes naturais e orgânicos (mel, açúcar mascavo e óleo de coco). A tese foi dividida em 4 capítulos: Capítulo I, fez-se um levantamento bibliográfico abordando alimentos orgânicos, embalagens alternativas e seus desafios para aplicação em alimentos. O capítulo II, por aplicação de questionário, identificou o contexto e a expectativa quanto a utilização de “embalagens orgânicas” em produtos alimentícios, foi observada uma boa receptividade para adesão das embalagens, mesmo com adição de custo ao produto final. No capítulo III foi desenvolvido e caracterizado materiais orgânicos com os diferentes plastificantes naturais. A fécula de mandioca foi caracterizada quanto ao teor de o amilose e a temperatura de gelatinização (ideal 70º C). Foram desenvolvidos 7 filmes: Controle (fécula de mandioca orgânica), T1(Mel), T2 (óleo de coco), T3 (açúcar mascavo), T4 (mel + óleo de coco), T5 (mel + açúcar mascavo), T6 (óleo de coco + açúcar) e T7 (mel+óleo de coco+açúcar mascavo). A caracterização do material foi feita por meio de análise subjetiva, microscópica, e química por FTIR, pelo teor de umidade, solubilidade, índice de intumescimento, e espessura. Os tratamentos T1 e T2 foram selecionados para análise mecânica, no qual T1 foi o filme com maior resistência à tração, alongamento à ruptura e módulo de Young, e, portanto, selecionado para prosseguir os estudos. O capítulo IV caracterizou o filme T1 quanto ao teor de compostos fenólicos e potencial antioxidante (DPPH e FRAP), propriedades térmicas, biodegradabilidade; e análise de vida de prateleira (60 dias) quanto às propriedades ópticas e mecânicas. Foram avaliados processamentos dos filmes em diferentes temperaturas, sendo: Controle (filme sem mel 70º C), A1 (mel a 70º C) e A2 (mel a 50º C), para avaliar a formação de Hidroximetilfufural (HMF), que permaneceu dentro dos limites estabelecidos pela legislação. Os filmes apresentaram capacidade antioxidante (filme ativo). Foi observado boa estabilidade térmica, indicando um potencial aumento na durabilidade em diferentes condições de armazenamento e transporte. Os filmes biodegradaram completamente quando enterrados em solo em um curto período (45 dias) e podem também ser considerados compostáveis. Durante a vida de prateleira, observou-se manutenção da cor e aumento da elasticidade dos filmes plastificados com mel. Esta “embalagem orgânica” desenvolvida com mel como plastificante, atende as expectativas dos objetivos propostos, tornando-a adequada para embalar produtos alimentícios. Sendo uma solução sustentável e ecologicamente correta, contribuindo para a redução do impacto ambiental e assim atendendo as demandas dos consumidores que visam produtos mais sustentáveis.