Diversidade e estrutura de comunidades de mosquitos (Diptera:Culicidae) e detecção de arbovírus circulantes em remanescentes de Mata Atlântica, estado do Rio de Janeiro, Brasil

Abstract

A Mata Atlântica é um bioma altamente biodiverso que vem sendo afetado por ações antrópicas, como o desmatamento, as quais contribuem para o desequilíbrio ecológico, afetando as comunidades de culicídeos. Nesse estudo, realizado entre 2018 e 2023, analisamos as variáveis abióticas bem como a abundância, diversidade, dominância e equabilidade dos Culicidae e, simultaneamente detectamos a circulação de arbovírus em diferentes áreas da Mata Atlântica nos municípios de Casimiro de Abreu (Fazenda Três Montes), Silva Jardim (Sítio Terra Boa), Município de Nova Iguaçu (Sítio Boa Esperança) e Cachoeiras de Macacu (Reserva Ecológica do Rio Guapiaçu), estado do Rio de Janeiro. Foram usadas diversas armadilhas, ovitrampas para a coleta dos ovos de mosquitos, concha entomológica, sugadores plásticos e pipeta de polietileno para a coleta das larvas e pupas, e armadilhas luminosas do tipo Shannon, CDC, e Técnica de Atração por Humano Protegido (TAHP) e capturadores de Castro para a coleta dos espécimes adultos. A pesquisa de arbovírus foi realizada através da extração de RNA viral. Destacamos que na Fazenda Três Montes, em Casimiro de Abreu, Haemagogus leucocelaenus foi o taxon dominante. A estação do verão foi a mais favorável à abundância das espécies Hg. leucocelaenus, Aedes albopictus e Aedes terrens. Na Fazenda Três Irmãos, no Município de Silva Jardim, identificamos que as espécies Hg. leucocelaenus e Ae. terrens demonstraram uma correlação positiva significativa com as variáveis abióticas de temperatura e umidade relativa do ar. Haemagogus leucocelaenus e Hg. janthinomys apresentaram predominância de fêmeas, enquanto o gênero Aedes teve número de machos superior ou comparável ao de fêmeas. No Sítio Terra Boa, no município de Silva Jardim identificamos que a fitotelma bromélia apresentou a maior diversidade de insetos enquanto na folha caída foi a menor. O habitat larval em internodo de bambu apresentou a maior diversidade enquanto que as folhas caídas apresentaram a maior equabilidade. As espécies Hg. leucocelaenus e Hg. janthinomys demonstraram uma correlação positiva e estatisticamente significativa com os níveis pluviométricos. A espécie mais abundante foi Hg. leucocelaenus, nas alturas de 2 m e 6 m em relação ao solo. Em Cachoeira de Macacu, na Reserva Ecológica do Rio Guapiaçu (REGUA) identificamos que as armadilhas com os resultados de coleta mais similares foram a TAHP e a Shannon enquanto que a CDC foi a mais divergente. Constatamos que a espécie com maior dominância foi a Coquillettidia fasciolata que está associada a áreas degradadas e presença antrópica. Na trilha verde da REGUA, encontramos a presença das espécies Hg. leucocelaenus, Ae. argyrothorax e Sa. chloropterus que são de importância médica. No estudo de detecção dos arbovírus, foram encontrados 6 pools positivos para os vírus da febre amarela e zika. Concluímos que Hg. leucocelaenus foi a espécie com maior dominância na maioria das áreas estudadas. Evidenciamos que os fatores abióticos como maior temperatura, umidade relativa do ar e índice de precipitação são fatores de contribuem para a multiplicação dos culicídeos e, sendo um fator a ser observado quando se trata do controle e prevenção à dispersão de patógenos.