Escola para quê? Concepções e sentidos da formação para jovens das classes populares egressos do ensino médio

Abstract

Tomamos como ponto de partida para a realização desta pesquisa as seguintes indagações: escola para quê? Qual é o seu sentido? A partir daí, buscamos as concepções dos egressos do Ensino Médio acerca de tais perguntas. Nesta direção, propomos-nos a ouvir aqueles que estiveram na escola, em exclusividade, os jovens de classes populares do Parque Roseiral, na cidade de Belford Roxo, que cursaram o Ensino Médio e o concluíram entre os anos 2018 e 2019 na rede pública do Rio de Janeiro. Assim, nosso objetivo foi capturar os sentidos da formação no Ensino Médio destes jovens egressos. Tivemos como parâmetros as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio de 2012 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9.394/96, sendo esta última o marco que propõe uma formação em prol do mundo do trabalho e da prática social. Além das pesquisas bibliográfica e documental, realizamos a pesquisa de campo com a metodologia Bola de Neve, pois essa foi uma importante aliada para encontrar os jovens concluintes. As técnicas para a coleta de dados foram a aplicação do questionário misto por meio do Google Form e, por último, dispomos da técnica da entrevista aberta. Não obstante, utilizamos a pesquisa narrativa para coletar os fatos narrados na entrevista. A partir destas contribuições, refletimos sobre o sentido da escola e concluímos que os jovens egressos percebem nesse espaço um importante espaço social para a criação de vínculos e de aprendizagem. Todavia, a pesquisa mostra que os jovens egressos não percebem na unidade de ensino a efetividade na construção do conceito prática social citada na Lei de Diretrizes e Bases de forma que possam vivenciá-las, e ainda reconhecem grande inclinação para a formação em prol do mundo do trabalho. Entretanto, observamos que a prática social é expressa em muitos departamentos da vida cotidiana durante e após a conclusão desta etapa, e que está para além de instituições e aparelhos, prova disso é que algumas práticas sociais vieram a se institucionalizar somente durante o curso de graduação.