Solos arenosos da região oeste do Paraná: agregação e matéria orgânica como indicadores de qualidade

Abstract

Sistemas de produção agrícola com uma grande diversidade de espécies vegetais podem proporcionar a manutenção ou melhoria da qualidade dos solos, principalmente os de textura arenosa. O monitoramento do impacto dessas formas de uso e manejo pode ser realizado através da análise das propriedades do solo, que podem funcionar como indicadores de qualidade. Esse monitoramento possibilita avaliar as modificações nos atributos do solo, decorrentes da adoção destes sistemas agrícolas e a sustentabilidade ambiental que pode ser promovida pelos mesmos quando estes são realizados de maneira correta. O estudo das vias de formação (ou origens) dos agregados e dos atributos associados à agregação (matéria orgânica do solo, MOS) tem sido utilizado na avaliação da qualidade dos solos de áreas de produção. O presente estudo foi dividido em três capítulos com diferentes objetivos. No capítulo I foi verificado i) se o uso e manejo do solo afeta a proporção de agregados biogênicos (Bio) e fisiogênicos (Phy); e ii) se a agregação Bio promove melhorias de natureza química em comparação à agregação Phy. O capítulo II avaliou i) se agregação Bio proporciona maior estabilização de macro e microagregados; e ii) se agregados Bio estão associados a maiores teores de carbono orgânico lábil e glomalina. O capítulo III teve como intuito i) verificar a relação entre os atributos químicos associados a fertilidade de agregados Bio e Phy; ii) avaliar os teores totais de carbono, nitrogênio, fósforo e potássio e suas respectivas razões estequiométricas nestes agregados; e iii) analisar as interações entre as frações de fósforo e vias de formação Bio e Phy. Foram avaliadas 3 áreas sob distintos sistemas de produção e 1 área de referência, a saber; pastagem permanente (PP); sistema plantio direto (NT); sistema plantio direto + Urochloa (NT+B); e um fragmento florestal do bioma Mata Atlântica (NF). Em cada área amostral foram coletadas amostras indeformadas na camada superficial, de um Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico, com textura arenosa nos horizontes superficiais. As amostras foram secas ao ar, e posteriormente submetidas a peneiramento utilizando-se 2 conjuntos de peneiras de 9,7–8,0, e 8,0–4,0 mm de malha, selecionando-se os agregados retidos nesses intervalos. Os agregados foram separados, identificados e classificados quanto à sua origem através da análise de sua morfologia. No capítulo I verificou-se que a vegetação de gramínea forrageira perene (funcionalidade do sistema radicular, aporte de resíduos orgânicos e mistura do material no solo) foi mais eficiente do que a diversidade de espécies vegetais para favorecer a formação de agregados Bio; que o efeito benéfico da braquiária foi observado quando adotada no consórcio com o milho; e que os agregados Bio favoreceram maiores valores das frações mais lábeis da MOS, o que sugere melhoria na qualidade do solo na camada superficial. No capítulo II constatou-se que sistemas de produção de grãos, pastagem e ambientes com baixo grau de antropização influenciaram de maneira diferenciada a agregação e os teores das frações orgânicas associadas à estabilidade dos agregados. No capítulo III verificou-se que os atributos químicos dos agregados Bio e Phy foram afetados de forma distinta entre os sistemas de produção agrícola; e que os resultados verificados para os agregados Bio reiteram a importância do estudo das vias de formação na avaliação da qualidade química do solo, em áreas de manejo conservacionista.