Estoques de Carbono e Nitrogênio e agregação do solo em Diferentes Sistemas de Produção Agrícola Sustentáveis e em Vegetação Nativa no Cerrado

Abstract

O Brasil ocupa o quarto lugar entre os maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE), devido, às mudanças no uso da terra e a produção agropecuária. Neste cenário destaca-se o bioma Cerrado que reduziu 152,7 mil km2

de sua vegetação natural, que pode resultar em alterações nos ciclos biogeoquímicos do C, N, P e S. Um dos maiores desafios do setor agrícola é adotar estratégias de manejo do solo sustentáveis que contribuam na recuperação de áreas degradadas que auxiliem na mitigação das emissões de GEE e que promovam a fixação do C no solo na forma de matéria orgânica do solo (MOS). Este estudo teve como objetivo geral avaliar a os estoques de C e N, a agregação do solo, assim como as frações ativa e estável da MOS, sob diferentes sistemas de manejo agrícolas sustentáveis, comparando-os com áreas de vegetação nativa, no bioma Cerrado. O estudo foi realizado em uma fazenda localizada na cidade de Unaí no Estado de Minas Gerais, avaliando três tratamentos: i) Mata Nativa (MN); ii) Pasto Produtivo (PP) e; iii) Integração lavoura-pecuária (ILP). Em cada tratamento foram abertas 3 trincheiras e foram coletadas amostras de terra deformadas e indeformadas nas profundidades 0-5, 5-10, 10-20, 20-30, 30-40, 40-60, 60-80 e 80-100 cm. Foram realizadas análises físicas e químicas do solo, os teores de C e N em todas as profundidades amostradas. Os estoques de C e N foram feitos nas camadas 0-10, 0-30 e 0-100 cm e , o fracionamento granulométrico da MOS (0-5, 5-10, 10-20 e 20-30 cm). Além disso, nas mesmas trincheiras foram coletadas blocos de terra nas profundidades de 0-5 e 5-10 cm, para a determinação da estabilidade dos agregados do solo. O experimento foi realizado utilizando o delineamento inteiramente casualizado (DIC) com três repetições. Para a análise estatística foi aplicada a análise de variância com o teste de comparação de médias pelo teste de Tukey à 5% de significância. Os resultados mostraram que, os teores e os estoques de C no solo foram maiores no PP do que na MN. Esse resultado pode ser devido à não perturbação do solo por máquinas agrícolas e a maior deposição de material orgânico por superfície e subsuperfície. O mesmo comportamento foi observado para os teores e estoques de N, exceto na camada de 0-100 cm que não foi observada diferença estatística significativa entre a MN e o PP. O sistema ILP se manteve igual a MN, diferindo estatísitcamente quanto aos teores de C somente nas profundidades de 40-60 e 60-80 cm. Porém, os estoques de C foram reduzidos na ILP (~ 47 Mg C ha-1 ) apresentando, aproximadamente, a metade dos estoques de C da MN e somente 31% dos estoques de C da PP. Uma provável explicação é o curto tempo de implantação desse sistema, com apenas quatro anos. Esses resultados foram refletidos nas frações lábeis e estáveis da MOS. Para o carbono orgânico particulado (COP), a área de PP apresentou as maiores concentrações nas camadas superficiais (0-5 e 5-10 cm), não diferindo da MN nas demais profundidades avaliadas. A explicação é o aporte de raízes. Para o carbono orgânico assoiado aos minerais (COAM), que é o carbono estável, ou seja, fixado no solo, a retirada de MN para PP não acarretou em diferença. O PP foi igual ou superior a MN nas profundidades avaliadas. O maior diâmetro médio ponderado dos agregados do solo foi na MN e no PP, que não diferiram estatisticamente nas duas profundidades. Conclui-se que, avaliando os atributos físicos e químicos do solo, sistema de manejo do solo PP pode ser utilizados em Unaí, bioma Cerrado, visando a manutenção da segurança do solo. O sistema ILP apresenta potencial de ser utilizado, os resultados obtidos são reflexo de um curto tempo de implantação desse sistema, necessitando de um maior período de monitoramento.