Em busca da autocrítica: reflexões e ressignificações das experiências guerrilheiras no brasil (1969 – 1980)

Abstract

A pesquisa apresentada aqui procurou analisar as reflexões feitas pelos movimentos guerrilheiros brasileiros sobre sua atuação na luta armada em diferentes lugares sócio espaciais. Foram selecionados três espaços distintos: a prisão, o exílio, os espaços institucionais da reorganização política brasileira no contexto da distensão autoritária. Toma-se como pressuposto que cada um desses espaços citados incidiu nos processos de revisão, rearticulação e transformação das propostas elaboradas pelas organizações de esquerda no Brasil do mesmo modo que a presença de militantes da luta armada nesses espaços também afetou as construções políticas desses novos espaços. Procurou-se analisar especificamente como os guerrilheiros leram suas ações armadas bem como identificar os momentos em que a proposta de luta ou mesmo a ideologia política passou a ser questionada e rearticulada de novas maneiras, de acordo com os contextos políticos desses espaços. Por compor aquilo que pode ser entendido como memória traumática, foi feita a escolha de utilizar um arcabouço teórico-metodológico ancorado nas reflexões da História do Tempo Presente, inserindo objeto e sujeito no mesmo espaço cronológico. Também foram mobilizadas reflexões acerca da relação entre História, Memória e Trauma para que se pudesse promover uma reflexão mais diversa sobre a incidência das múltiplas temporalidades que surgiram ao longo da análise. Conclui-se que as leituras realizadas por parte das esquerdas revolucionárias estiveram em constante diálogo com a perspectiva de luta que se anunciava, e a busca pela autocrítica se pautou sobretudo na necessidade de reorganizar a luta empreendida, sem que necessariamente se negasse o caráter revolucionário ou o uso da violência como ferramenta de transformação social.