Tratamento da queixa escolar nos ambulatórios públicos de saúde mental do rio de janeiro – um estudo exploratório

Abstract

O objetivo do presente trabalho foi descrever e discutir os processos de trabalho e as concepções que orientam o atendimento da queixa escolar em ambulatórios públicos de saúde mental de uma determinada região do município do Rio de Janeiro, à luz das contribuições da Psicologia Educacional Escolar Crítica. Para compor o percurso teórico, levantamos alguns dados sobre a educação brasileira e o atendimento que é produzido em serviços de saúde mental pelo país. Para os objetivos desta pesquisa, utilizamos o método qualitativo, com foco na realização de uma pesquisa exploratória. Foram realizadas sete entrevistas individuais semi-estruturadas com profissionais que trabalham em ambulatórios de saúde mental, localizados no Município do Rio de Janeiro. Os dados da pesquisa indicam o desuso das avaliações psicométricas e a compreensão que a queixa não deriva de um transtorno mental tratável com medicação. As explicações para os problemas escolares são calcados principalmente nas dinâmicas familiares e nas condições de vida derivadas da pobreza, embora também sejam mencionados fatores escolares. A construção de dispositivos de tratamento concentra-se em estratégias grupais, com foco nas famílias e nas crianças. Alguns profissionais construíram maior interlocução com a escola, mas enfrentam dificuldades em sustentar este trabalho, devido à necessidade de cumprir critérios de produção de atendimento ambulatoriais. O trabalho intersetorial é visto pela gestão e até pelos próprios profissionais como uma diminuição da capacidade de atendimento. São necessários avanços na interlocução com a escola e na construção de hipóteses sobre a queixa que englobem as dinâmicas escolares, aliviando a responsabilização que se faz sobre a família. Acreditamos ainda que cabe à rede tencionar junto aos gestores, no sentido de conquistar do espaço para a interface com a educação.