Comparação de dois métodos de avaliação de danos internos no fuste de árvores urbanas

Abstract

As árvores urbanas constituem infraestrutura estratégica para a manutenção de níveis satisfatórios de qualidade de vida para a população das cidades, especialmente por aumentar a resiliência das áreas urbanas em relação aos efeitos climáticos adversos. Não obstante, em que pesem os valiosos benefícios ecossistêmicos proporcionados, as árvores também estão sujeitas a intempéries que as transformam em perigo potencial nas áreas urbanas. A análise de risco de árvores urbanas é uma ferramenta de gestão necessária para orientar o manejo adequado aos entes arbóreos de modo a diminuir seu risco a patamares mínimos toleráveis. No Brasil, a Norma da ABNT NBR 16.246-3/2019 define três níveis de avaliação de risco de árvores urbanas, que vão desde uma avaliação mais geral, passando pela aplicação de protocolos técnicos de avaliação visual por indivíduo arbóreo, até o último nível com a utilização de equipamentos mais complexos e em muitos casos de custo elevado. Este trabalho tem objetivo de comparar dois métodos de avaliação de danos internos em fustes de árvores urbanas no sentido de gerar informações sobre as características de cada um, subsidiando a recomendação do seu uso por arboristas. Foram selecionadas dez árvores pertencentes a sete espécies botânicas, distribuídas no campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, as quais foram submetidas a dois métodos de prospecção para avaliação da condição interna do caule, cujos resultados foram comparados entre si para verificar a equivalência do método proposto. As árvores foram submetidas a uma análise visual, que foi complementada com a técnica do martelo de borracha para detecção de eventuais cavidades internas no fuste. Após isso, foi aplicada a essas árvores a tomografia sônica por impulso. Por fim, foi utilizada uma perfuratriz equipada de broca para abertura de furos no caule das árvores, no interior dos quais foi introduzido o cabo de fibra ótica de um boroscópio para mensurar o comprimento em sentido transversal de lenho íntegro, possibilitando também a visualização de eventuais cavidades existentes. Ambas as técnicas proporcionaram a mensuração do percentual de danos no lenho das árvores, cujos resultados obtidos foram comparados pelo teste não paramétrico de Wilcoxon, que mostrou não ter havido diferenças estatísticas significativas no percentual de área lesionada empregando-se o método da perfuração e o da tomografia, especificamente para as regiões do tomograma condizentes com as menores velocidades de propagação de ondas mecânicas. Esse estudo demonstrou que a técnica da perfuração do fuste conjugada com a boroscopia para avaliação da condição do lenho se constitui em uma metodologia viável para auxiliar na análise de risco de árvores urbanas, podendo ainda ser usada de forma complementar à tomografia para confirmação de seus resultados.