Potencial Produtivo e Comercial de Genótipos de Morangueiro em Sistema de Cultivo Convencional e Orgânico

Abstract

O morangueiro possui grande importância socioeconômica para os agricultores, principalmente os familiares. Apesar da importância da cultura, todas as cultivares hoje utilizadas são importadas. Os últimos lançamentos de cultivares nacionais ocorreram em 1999, pela Embrapa Clima Temperado e, em 2016, por um agricultor. A importação de cultivares e mudas caracteriza um cenário de dependência e vulnerabilidade do setor e representa um grande obstáculo para os produtores brasileiros de morango, pelo custo e falta de cultivares mais adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas. Este trabalho teve como objetivos: caracterizar e avaliar o desempenho agronômico de três genótipos nacionais de morangueiro (NP4, NP9 e NP15) quanto às características morfológicas, agronômicas, susceptibilidade/resistência a doenças, flutuação populacional do ácaro-rajado e pós-colheita em duas regiões distintas, em Estiva (MG), sob manejo convencional e, em Cambuí (MG) sob manejo orgânico. As avaliações foram realizadas tendo como testemunha a cultivar importada Oso Grande, uma das mais cultivadas no Brasil. Os genótipos estudados são distintos de acordo com descritores morfoagronômicos utilizados. Em sistema de cultivo convencional, os genótipos apresentaram produção total, número total de frutos e precocidade superiores a de ‘Oso Grande’. Para o diâmetro, comprimento e peso médio dos frutos, os genótipos NP9 e NP15 foram similares a ‘Oso Grande’. Todos os genótipos apresentaram frutos com diâmetro superior a 25 mm, porém apenas NP9 produziu frutos da classe 35 em proporção equivalente à ‘Oso Grande’, tido como bom padrão comercial. Em sistema de cultivo orgânico, os genótipos apresentaram equivalência/superioridade a ‘Oso Grande’ quanto a produção, número total de frutos, diâmetro e comprimento dos frutos. Tanto em sistema de produção convencional quanto em sistema orgânico, não houve variação quanto à dinâmica populacional do ácaro-rajado em função dos genótipos. Em ambos os sistemas de produção, observaram-se baixa severidade de antracnose e de micosferela e nenhuma diferença significativa entre os genótipos testados. Quanto ao índice geral de sanidade das plantas, observou-se, de forma geral, semelhança entre os genótipos tanto no sistema de cultivo convencional como no sistema orgânico. Na caracterização pós-colheita, observou-se, tanto em condição ambiente quanto em refrigeração, maior tempo de prateleira e maior °Brix nos frutos de NP9 e NP15 colhidos no sistema de cultivo convencional. Para ATT e relação entre SST e ATT, os genótipos não diferiram. O pH em condição ambiente e sob refrigeração foi menor em NP15. Sob refrigeração, o genótipo NP15 apresentou a menor perda de massa. Já no sistema de cultivo orgânico, os genótipos avaliados não diferiram entre si para os parâmetros avaliados potencial hidrogeniônico (pH), sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT) e relação entre SST e ATT. Os três genótipos estudados apresentam potencial para cultivo em sistema de cultivo convencional e orgânico nas condições edafoclimáticas do sul de Minas Gerais e boas características comerciais.