Stomoxys calcitrans: estabelecimento de colônia, caracterização da glândula salivar e interação com patógenos

Abstract

Stomoxys calcitrans, conhecida como mosca-dos-estábulos é um díptero de grande importância médico veterinária. Machos e fêmeas se alimentam de sangue, hábito parasita que tem como consequência prejuízos nos ambientes de animais de criação. Os desdobramentos da alimentação sanguínea incluem o estresse da picada, que leva a menor ganho de peso e produção de leite, e à infecção por patógenos que S. calcitrans transmite mecanicamente. Os prejuízos anuais causados pela mosca-dos-estábulos no Brasil são estimados em 340 milhões de dólares. Considerando a importância desse organismo e os prejuízos acarretados por ele nos ambientes de criação é cada vez mais importante entender diversos aspectos da biologia de S. calcitrans. No presente trabalho são apresentados diferentes assuntos relacionados a esse inseto. O capítulo I se dedica a descrever o estabelecimento de uma colônia de S. calcitrans, com o objetivo de gerar insetos em condições de laboratório que pudessem ser utilizados para experimentos controlados. O capítulo II descreve a morfologia das glândulas salivares da mosca a partir de técnicas de microscopia óptica, histologia e ultraestrutura, e também a composição lipídica. Além disso, foi realizado teste da atividade de stomoxina, um peptídeo antimicrobiano da saliva de S. calcitrans contra Leishmania amazonensis e Trypanosoma cruzi. No capítulo III buscamos entender como S. calcitrans interage com patógenos. Esse é um passo importante para esclarecer a dinâmica de transmissão por essa mosca, sendo assim o modelo escolhido foi Leishmania agente etiológico das leishmanioses, doenças com característica antropozoonótica. Leishmania sp. foi capaz de interagir com o intestino de S. calcitrans, mas os mecanismos pelo qual essa ligação ocorre ainda devem ser esclarecidos.